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Gaúcho de São Borja! – Capitulo I – Gaudêncio das Neves

Gaúcho de São Borja!
 
          A partir de hoje estarei publicando periodicamente um capitulo ou parte dele, do meu livro que leva o título acima. Espero comentários, críticas e sugestões visando levar o trabalho a um nível de qualidade mais elaborado. Por melhor que alguém esteja preparado, terá sempre o que aperfeiçoar na arte de escrever obras no campo literário ficcional. Conto com a colaboração dos leitores para corrigir deficiências na parte publicada além de ideias para os capítulos subsequentes. Resguardo-me o direito de decidir quais as sugestões irão figurar nos capítulos a serem escritos. Hoje temos o primeiro capítulo, onde aparece nosso personagem principal. Depois de concluido o trabalho, será reunido em um volume a ser publicado por uma editora e também na forma de ebook.  


Montaria em touro(vidavegetriana.com)
 
Gaudêncio das Neves.
            No município de São Borja, estado do Rio Grande do Sul, nasceu aos oito de março do ano de 1955, um menino, que na pia batismal, recebeu o nome Gaudêncio das Neves. Seus pais, Pedro Paulo das Neves e a esposa, Maria Conceição das Neves, convidaram para padrinhos os patrões Joaquim Monteiro e a esposa Ana Maria Monteiro. Vale dizer que Pedro Paulo era o braço direito de Joaquim, no trabalho da fazenda Santa Maria, tanto a lavoura de arroz, quanto a criação de gado de corte de alto padrão estavam a seu cargo.
Pedro Paulo supervisionava as equipes de trabalho em ambos os setores, transmitindo aos encarregados as ordens do patrão. Este passava boa parte do tempo em sua vivenda da cidade sede do município, ficando o cotidiano por conta de Pedro Paulo. Maria Conceição por sua vez supervisionava o setor leiteiro, encarregado de abastecer os empregados da fazenda com leite e seus derivados. O excedente era entregue à uma nascente indústria de laticínios local.
  Joaquim e Ana Maria, sentiram-se grandemente lisonjeados em ter o rebento de seus mais valiosos auxiliares por afilhado. Não faltavam presentes em todas as oportunidades como o natal, a páscoa, o aniversário e mesmo sem motivo especial, sempre encontravam razão para encher o pupilo de presentes.
O casal vinha acumulando frustrações nas tentativas de geraram um herdeiro. Recorreram a todos os meios ao alcance das suas posses. Consultaram médicos especialistas na capital Porto Alegre, mas nada acontecia. Já estavam atingindo a idade em que as probabilidades de fecundação se tornam ainda mais remotas. Ainda não estava em uso nessa época a técnica de fertilização in vitro. Começavam a inclinar-se pela adoção de uma criança. Ao se tornarem padrinhos do filho de seus empregados, diminuiu sua ansiedade por um filho. Transferiram para o afilhado o afeto que iriam dedicar ao filho e esqueceram a ideia de adoção. Tinham a quem se dedicar, como se fora o próprio filho. 
Assim a infância de Gaudêncio transcorreu entre comparecimento às aulas na escola que servia à fazenda, onde convivia com os filhos dos os outros empregados e também de alguns vizinhos, provenientes de propriedades menores existentes nas proximidades. Os pais souberam imprimir uma educação bastante rígida ao menino, tendo para isso o apoio dos padrinhos. Tudo isso tornou Gaudêncio um adolescente tranquilo e seu desenvolvimento em um jovem adulto ocorreu de forma razoavelmente harmoniosa. Não excluindo algumas travessuras, um ou outro ato de desobediência.
            Foi sempre um menino ativo. Gostava especialmente de cavalgar e não perdia oportunidade de se reunir aos peões nas lides com o gado. Aos catorze anos sabia manejar habilmente o laço e não se furtava a uma montaria em um potro xucro, o que lhe valeu algumas quedas, inclusive uma fratura no braço e uma luxação da mão esquerda. Nada disso o fazia desistir de ser peão, para desespero de sua mãe, que vivia cheia de apreensões pela integridade física do filho. Em parte isto se explica, pois tivera complicações pós-parto o que a tornara impossibilitada de ter mais filhos. Assim temia que alguma coisa mais grave acontecesse com o único que pudera gerar.
            Houve um período em que se interessou pelo cultivo do arroz e por dois anos, acompanhou todas as etapas do trabalho nos campos irrigados. Aprendeu a preparar a terra, plantar, controlar o mato, depois inundar os arrozais com água da represa e mantê-los assim até a maturação dos grãos. Tinha que saber o momento de retirar a água e aguardar a hora de por as máquinas para colher o cereal. Mostrou-se um aprendiz dedicado, recebendo numerosos elogios do encarregado dos arrozais.           
          Gaudêncio não faltava a nenhum fandango organizado na fazenda ou nas redondezas. Tornou-se exímio dançador e sua presença era apreciada pelas prendas sempre dispostas a bailar com o jovem. Mesmo aquelas que já estavam com mais idade, sentiam-se lisonjeadas em conceder uma contradança ao jovem dançarino. Havia pencas de chinocas interessadas em namorar com ele, apesar da pouca idade. Nos bailes do CTG, ocorria uma verdadeira disputa pela parceria com ele. Em diversas ocasiões ele foi campeão das competições de dança por equipe e também nas individuais.

Laçando um novilho(mtg-rs.blogspot.com).


            Nos rodeios, sua habilidade com o laço e na montaria do cavalo lhe trouxeram diversos prêmios e troféus. Chegou a participar de rodeios em outras localidades, onde também se destacou em diversas oportunidades. Cada vitória do filho era um motivo de orgulho para os pais e, como não poderia deixar de ser, dos padrinhos. Afinal era tido por eles como o filho que Deus não lhes concedera ter.

Montaria em potro sem sela(atuacao20101.wordpress.com).
Montaria em cavalo xucro com sela(maisindaia.com.br).


            A madrinha fazia muito empenho em que Gaudêncio fosse viver por uns anos na cidade para cursar a escola e assim elevar seu grau de instrução, porém o menino não aceitava se afastar da vida da fazenda. Aquilo era como que um vício que fluía em seu sangue e não houve meio de convencê-lo a ingressar numa escola, depois de concluir o aprendizado das primeiras letras, saber fazer as contas básicas. Sempre dizia que já sabia suficiente para o que tinha precisão. Assim a vida seguiu, calejando o jovem a cada dia nas lides do campo e plantação.
Curitiba, 2014 (Republicado em 26/02/2018)  

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