O que quer dizer “livre arbítrio”?
Vamos por partes. O que é livre?
Quem está livre, não está impedido de fazer nada, não está preso, amarrado ou oprimido. Pode decidir o que deseja fazer.
E arbítrio o que é?
Arbítrio tem a mesma raiz de árbitro, sinônimo de juiz. Aquele que decide, julga, diz quem está ou não com razão, o que é certo ou errado.
Diante dessas explicações, é possível dizermos que Livre Arbítrio é uma coisa que é própria de cada ser humano ao nascer. O criador, em sua infinita sabedoria e misericórdia, limitou seu poder, sua possibilidade de interferir na vida de nós, suas criaturas. Isto significa que nos concedeu a liberdade de escolher o caminho que queremos trilhar em nossas vidas. Então podemos ser tentados a pensar que nos é permitido fazer tudo que nos der na “telha”. Nada nos é proibído. De certo modo isso até é verdade, mas… Sempre existe um “mas”. Não podemos esquecer que não vivemos sozinhos nesse mundo. Assim como nós temos o livre arbítrio, todos os outros, também criaturas ou filhos do Criador, são dotados dessa mesma liberdade.
Se nos permitirmos fazer tudo que realmente desejarmos, é muito provável que os nossos atos invadam ou interfiram na liberdade de nossos irmãos. Vemos aí uma fonte de conflitos. Desde o surgimento da humanidade na face da terra, esses conflitos, causados pela interferência dos atos de uns, com a liberdade dos outros, fazem parte da arte de convivência entre os indivíduos. Gradativamente surgiram formas de regulamentar essa liberdade. Então a liberdade ou livre arbítrio, não é exatamente o que parece! Pelo menos não pode ser entendido dessa forma. O livre arbítrio nos permite “escolher” entre faze uma coisa ou outra, até mesmo quando alguém nos impõe ou tenta impor algo. Ao escolher aceitar a imposição, estaremos trocando uma parte da nossa liberdade por alguma compensação. Estaremos fazendo uma troca. As leis e normas de um país, um estado ou município podem ser seguidas ou não por seus cidadãos. A escolha é de cada um. Porém, ao escolher não seguí-las, estará o indivíduo se sujeitando a sofrer sanções previstas pelo não cumprimento das mesmas.
Para viver em outro país, somos obrigados a preencher alguns requisitos que as leis do mesmo estabelecem. Se não cumprirmos esses requisitos, podemos ser impedidos de ingressar no território, ou, se tivermos ingressado de forma clandestina, podemos ser deportados ao ser surpreendidos em situação ilegal. Se nos associamos a um clube ou outra sociedade, somos obrigados a aceitar as normas estabelecidas em seu estatuto, caso contrário, podemos ser expulsos ou impedidos de frequentar as dependências próprias.
Perante Deus, somos livres. Ele não nos impõe nada. Quer e espera ser amado, respeitado, ter sua vontade feita por todos, porém nada faz para obrigar ninguém. Esses atos de amor, submissão à vontade do criador, devem ser voluntários, por decisão livre e soberana de cada indivíduo. Eis aí o que dá valor aos nossos atos. Se os praticamos por nossa livre escolha e agradam ao Criador, nos trazem benefícios no caminho da eternidade. Caminhamos para os braços do Pai, fazendo a cada instante a escolha de fazer a sua vontade.
Escravidão.
A humanidade conviveu, até épocas relativamente recentes, com um “estatuto” social que envolvia a escravidão. Alguém, sob um pretexto qualquer, adquiria o “direito” sobre a vida de outra pessoa. O escravo era mantido cativo, privado de sua liberdade de ir e vir, obrigado a trabalhar, muitas vezes em jornadas e condições desumanas, suportando castigos impostos pelo senhor, como punição por supostas transgressões de regras, por parte do escravo. E para piorar a coisa, esses senhores e senhoras, donos de escravos, diziam-se “cristãos”, que amavam a Deus e ao próximo. Qual era a justificativa de tal procedimento? Os ditos escravos tinham apenas forma humana, mas não eram de fato seres humanos? O dinheiro pago ao traficante ou mercador de escravos, era a justificativa? Isso dava o direito sobre a vida do outro, podendo dispor de seu “livre arbítrio”? À luz do pensamento atual, mais moderno, isso é inadmissível. Mesmo assim, ainda existem, de forma clandestina, casos de escravidão de toda sorte. São trabalhadores levados para propriedades rurais distantes e mantidos em condições de servidão. Mulheres iludidas por promessas de trabalho livre e rentável em outros lugares, tornam-se escravas sexuais, subjugadas por exploradores inescrupulosos. São mantidas em condições precárias e em semi-prisioneiras, impedidas de comunicar-se com suas famílias, ou comunicação controlada, sem liberdade de fornecer sua localização.
Todos os casos de escravidão, seja no passado remoto, mais recente ou atual, são exemplos de privação de pessoas de seu livre arbítrio. As pessoas foram e são levadas a essa condição pela violência, ou sedução com falsas promessas ou, o que é pior, em algumas sociedades, os pais vendem filhos como escravos quando ainda pequenos. Uma crueldade inominável.
Os criminosos, depois de identificados e julgados, são privados de sua liberdade. Há nesse caso um impedimento do exercício do livre arbítrio, porém, eles tiveram a opção de escolher praticar o bem, ou cometer crimes. Se realmente culpados e condenados em conformidade com as leis vigentes no país, estarão arcando com as consequências de sua escolha livre e soberana.
Redes sociais
Há uma falsa percepção de liberdade ilimitada nas chamadas “redes sociais” na grande rede de computadores e demais dispositivos que acessam a internet. O fato de “o outro” estar geralmente longe, ou pelo menos não ao alcance da mão, leva algumas pessoas a fazer uso desmesurado de palavras ofensivas, que provavelmente não usariam se estivessem frente a frente com o oponente. Basta uma simples divergência de opiniões para haver, em muitos casos, uma verdadeira batalha virtual de palavras. Xingamentos, ofensas, palavrões e toda sorte de palavras indevidas são usadas. Quando nos deparamos com um caso desses, nos resta a escolha entre ignorar e passar adiante, ou entrar no clima e devolver na mesma moeda. Mas isso pode acabar dando problemas. Nesses casos, tentar dialogar, em geral é contraproducente. Quem tem esse hábito de xingar e desmerecer o outro por qualquer motivo, ao estar protegido pelo meio virtual, deita e rola, faz e acontece. O melhor é deixar o “boquirroto” vociferando sozinho e partir para outros contatos, outras postagens, onde o clima seja mais ameno e agradável.
Liberdade de expressão
As nações democráticas proclamam em suas constituições o que se convencionou chamar liberdade de expressão de onde também deriva a liberdade de imprensa. Isso significa ser livre para emitir sua opinião, proclamar seu modo de pensar. Isso também tem suas limitações. Se essas opiniões ou modo de pensar, interferirem de alguma maneira na vida ou liberdade de outras pessoas, há limites a ser respeitados. Podemos até dizer o que queremos, mas podemos nos expor a processos judiciais por calúnia, difamação, se nossas palavras ofenderam o bom nome de oturos. O resultado de tudo isso, pode ser a condenação à retratação, bem como pagamento de indenização por danos morais.
Já a liberdade de imprensa, não é simplesmente permitir que o jornalista ou articulista de um veículo de comunicação, possa escrever ou dizer, enfim, publicar de forma escrita ou falada, tudo que tiver vontade. Há necessidade de moderação para publicar apenas o que for de fato verdade e possa ser provado, em caso de solicitação. Mesmo que os fatos relatados sejam verdadeiros, não é permitido o uso inadequado de termos que possam ser considerados ofensivos às pessoas envolvidas. Os tribunais se deparam constantemente com processos, nos quais alguém se sentiu lesado em sua liberdade, ferido em sua honra, tanto por pessoas individualmente como por meios de comunicação. A sentença é ditada pelo juiz, em face a coleta de provas em ambos os sentidos, permitindo a formação de um juizo sobre a culpabilidade ou inocência do requerido, bem como a adequação da sentença à gravidade da ofensa produzida.
Conclusão.
Poderíamos passar horas desfiando situações em que o nosso livre arbítrio é chamado a se fazer presente, a guiar nossas ações e atitudes. Na verdade somos livres para escolher e não para fazer o que quisermos. Em todas as situações, há sempre, pelo menos duas possibilidades e cabe, nessa hora, usar o livre arbítrio para escolher a que nos parecer mais conveniente ou em conformidade com nossa vontade, convicções ou conceitos.
Tenho seguido em minha vida uma máxima, que diz mais ou menos o seguinte: “Minha liberdade termina, onde começa a do próximo”. Se eu transpuser essa fronteira, estarei violando o direito da liberdade alheia e me sujeito a sofrer as consequências.
Curitiba, 18 de junho de 2016.
Décio Adams
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Sidney19/06/2016 at 10:57 AM
Bem pertinente suas postagens Décio, obrigado.
Décio Adams19/06/2016 at 11:02 AM
Obrigado pela visita. Coloco-me à disposição para eventuais esclarecimentos.
Um bom domingo para você.
Décio Adams.