Indo para o sul.
Depois de algumas semanas de caminhada, dormindo algumas noites em celeiros. A chuva torrencial e sem uma gruta para se abrigar, levaram-no a pedir pouso em propriedades ao longo da estrada. Haviam-no convidado para a refeição e aceitara apenas alimentos leves. Pão, legumes e frutas. Em várias ocasiões passara algum tempo palestrando com o proprietário da casa. Sua voz era sempre serena, embora grave. Tinha na mente passagens bíblicas, evangélicas, profecias e salmos. Sabia sempre recitar alguma parte e depois fazer uma interpretação aplicável aos dias correntes. O tropeiro lhe deixara o animal para ser usado. Quando se encontrassem novamente, poderia devolvê-lo ou então deixar em algum lugar de pouso.
Diversas vezes pernoitara na beira do acampamento de tropeiros em viagem para Sorocaba. Passou por Jacarezinho, Castro, Ponta Grossa e chegou à Lapa. Ali encontrou um maciço rochoso, com uma vertente abrupta voltada para o povoado próximo. Habituado a procurar abrigo em lugares aparentemente inóspitos, localizou uma gruta onde se fez sua morada temporária. A longa caminhada, tivera como efeito deixar os ossos doloridos. O corpo cansado necessitava repousar. A vegetação da encosta forneceu a cama, a lenha e algumas frutas silvestres. Um pedaço de pão e uma fatia de queijo completariam a refeição frugal da noite que se aproximava. O burro encontrou pastagem e água nas proximidades, onde o deixou amarrado.