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Parangolé! Arre égua!

 

Parangolé, dedicatória. 001
Dedicatória de Adrião Neto, ao enviar-me o seu livro Parangolé.

Parangolé.

Para quem não conhece o “nordestinês” e para quem conhece recordar, essa palavra tem por significado, pelo menos em terras piauienses: ” lero-lero, conversa fiada, lábia, história contada com floreios e arrodeios”.

Pode parecer que o livro seja um amontoado de lero-lero, conversa fiada. Ledo engano. Adrinão Neto, consegue em seu linguajar, entremeado de expressões típicas do nordestinês, do qual apresenta um pequeno glossário ao final do livro, nos contar uma história fictícia, enquanto paralelamente narra fatos históricos que remontam ao tempo da independência nacional.

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Parangolé, de Adrião Neto.

É uma prosa leve, que prende nossa atenção, da primeira à última página, sendo difícil interromper a leitura por algum motivo que não seja muito forte.

Recebi o livro pelo correio na última segunda feira e já na quarta feira o havia lido totalmente, desde as orelhas da capa, as páginas introdutórias e o glossário com termos regionalistas encontrados ao longo do  texto.

Não bastassem os comentários elogiosos encontrados impressos na orelha da capa, bem como no marcador de páginas que o acompanhou, para apurar os sentidos do leitor apaixonado, logo de saída encontramos as páginas do primeiro capítulo que prendem a atenção. Não bastassem as figuras dos padres, um deles quase morto por uma sucuri durante o banho nas águas refrescantes de um riacho, há as figuras do guia e do acólito, típicos da época e região.

As estripulias de uma tribo indígena, sempre em disposição de guerra, dão um tempero bem próprio ao tempo do Brasil Colônia e Império. Somos conduzidos pelas páginas de Adrião Neto pela história piauiense nas primeiras décadas do século XIX, com a tentativa dos militares portugueses que por lá estavam aquartelados, de manter as províncias do norte brasileiro, sob domínio português. Aos poucos os nativos os derrotaram e aderiram ao grande país Brasil, sob os auspícios de Dom Pedro I, mesmo sendo ele filho de Dom João VI, rei de Portugal. Deixara de existir o Reino do Brasil, unido ao de Portugal e algarves.

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Contra-capa.

Adrião Neto, é um prazer ler sua prosa, viajar na história de seu estado natal, bem como a ficção entrelaçada no meio dos fatos históricos. Há momentos em que temos dificuldade em separar a ficção, da parte real da história. É preciso estar atento para não misturar as duas partes.

O uso das expressões regionais, misturadas ao texto, torna-lhe o sabor todo típico. Leva-nos a sentir as areias das praias nordestinas, o calor do sol, o sabor dos cajus, côcos e peixes, a brisa marinha trazendo a maresia repleta de sal.

A  religiosidade popular, contrastando com o zelo dos padres, empenhados em levar o evangelho aos rincões mais distantes, com elevado teor de sacrifício e abnegação. Mesmo assim, por vezes, são tratados com pouca consideração. Os índios, parcialmente aculturados, mantém suas tradições na medida do possível, mas misturam parte dos costumes do homem  branco, transformando-se em algo intermediário do silvícola nativo e o homem civilizado.

Sem dúvida é uma leitura agradável, instrutiva. Com o glossário de palavras regionalistas do final, não restam dúvidas na compreensão de todo o texto, pois a linguagem geral é tal qual a nossa aqui do sul.

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Marcador de página de Adrião Neto.

Ao amigo Adrião Neto, meus cumprimentos e espero no futuro ter oportunidade de saborear outros trabalhos de sua lavra. Receba um caloroso abraço de um gaúcho, nascido na terra das Missões do Rio Grande do Sul, porém há longos anos afastado, vivendo em terras paranaenses, com uma incursão breve no Mato Grosso nos anos 80/90 do século findo. Desejo que nos brinde com outros produtos de rara beleza e conteúdo típico do nordeste.

Curitiba, 04 de julho de 2015.

Décio Adams

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