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Fantástico Mundo Novo – Volume III – Capítulo VI – Vinte anos mais tarde.

  1. Vinte anos depois.

 

Os novos moradores de Orient, prosseguiram em sua faina de ocupar o território, desenvolver atividades agrícolas e industriais, num ritmo acelerado. Pareciam ter pressa em progredir. Por toda parte se viam sorrisos, gente cantando e se cumprimentando alegremente. As colônias, em questão de poucos anos, dobraram a população. Famílias numerosas, com oito a dez filhos em média, havendo até algumas com maior número de membros, especialmente aquelas compostas de homens com duas esposas. Os jovens casavam-se ao atingir a idade adulta. Os rapazes com 18 anos e as moças com 15, formando suas famílias. Os primeiros anos transcorreram com a produção, destinada principalmente à alimentação das pessoas e animais. Quando completaram vinte anos de vida no planeta, já existia uma geração inteira de nativos Orientianos. Os novos casamentos ocorriam entre homens e mulheres, mal saídos da puberdade, mas já nascidos em Orient. Alguns dos mais idosos haviam encerrado sua jornada na carne, sendo os primeiros ocupantes de pequenos cemitérios. Os mortos por doenças e acidentes ainda eram em pequeno número.

Como haviam trazido pessoas com aptidões variadas, em pouco tempo foram instaladas pequenas indústrias de telhas, tijolos, potes de barro e muitos outros tipos de mercadoria. Tecidos feitos de plantas com aptidão para fiação e tecelagem. Objetos de couro, madeira e metais em geral. Haviam identificado os principais metais conhecidos em Urantia, também em Orient. O que acontecia de diferente era a composição dos minérios. Os metais vinham combinados com outras substâncias. Havia minas de ouro, prata, cobre, estanho, zinco e outros metais. Apesar da intensa exploração dos mesmos durante a civilização que ali florescera, haviam descoberto novos filões em muitos lugares, principalmente em áreas menos exploradas.

Os casais que ali haviam chegado em início de sua vida familiar, eram agora avós dos primeiros netos, sendo que um ou outro ainda gerava algum filho esporádico. A intensa preocupação com o ensino de todo tipo, proporcionara desenvolvimento acentuado na área das ciências em geral. A matemática fizera avanços significativos. A química, biologia e física, na forma de ciências da natureza estavam avançando rapidamente. Sua aplicação prática fornecia subsídios importantes para o desenvolvimento de várias atividades correlatas. Já começavam a produzir alguns tipos de medicamentos, ainda rudimentares, embora fossem de grande importância. Uma boa variedade de objetos, desenterrados do solo, provenientes da antiga civilização, foram sendo reunidos em cada província ou colônia, para servir como parte da reconstrução da história do planeta.

A família de Mink e Edith era constituída de dez filhos e filhas, sendo seis homens e quatro mulheres. Os mais velhos estavam em seus primeiros anos de casamento, dando ao casal os primeiros netos. Os avós estavam sentindo-se realizados. Lembravam o dia em que haviam unido suas vidas para constituir família. Agora viam os netos nascer, o que lhes trazia duplo motivo de satisfação. Os menores ainda estavam na primeira infância, mas já se sentiam como se fossem adultos, pois eram agora tios/tias. Em algum tempo estariam brincando com os sobrinhos, como se fossem seus irmãos mais velhos. Isso era de grande importância, pois fazia crescer os laços de amor entre os membros da família.

A população inicial de pouco mais de 18mil habitantes, alcançara a cifra de cerca de 55 mil habitantes e cada dia nasciam mais crianças. Ainda continuava em vigor o direito a bigamia para os homens, visando não deixar mulheres solteiras sem terem oportunidade de gerar seus próprios filhos. Porém, agora era menos frequente, pois haviam nascido muitos bebês masculinos nos primeiros anos, equilibrando praticamente o número de jovens mulheres e homens. As pequenas indústrias surgidas no princípio, haviam florescido e se transformado em prósperos empreendimentos, inclusive diversificando sua linha de produção.

O significativo crescimento populacional levara as colônias a expandir suas áreas de cultivo agrícola, bem como ao surgimento de novos núcleos habitacionais nos locais mais apropriados, separados de alguns quilômetros da colônia mãe. Cada uma das seis iniciais, sem contar a fundada na beira do lago, se transformara na capital de uma região, com sua administração própria, subordinada ao governo provincial. Estes governos provinciais por sua vez estavam sujeitos ao governo central, que agora era formado por um primeiro ministro, ministro de comércio e indústria, ministro de agricultura e pecuária, além de um ministro de cultura. O início precoce da vida reprodutiva das mulheres, tornava-as capazes de gerar, ao longo da vida, uma média de até 15 filhos em muitos casos, sendo raras as que geravam menos de 10. Nessa proporção em questão de poucas gerações, a população de Orient alcançaria facilmente a casa de 1 milhão de habitantes.

A inexistência de competição por terras, evitava sem maiores problemas as disputas tão frequentes que existiam em Urântia, onde, em algumas áreas, cada palmo de chão era disputado acirradamente por muita gente em alguns casos. Dessa forma, cada casal que se formava, se não tivessem adquirido profissão diferente e decidisse viver na agricultura ou pecuária, tinha sempre disponível uma parcela de solo onde se instalar. Esse fato fazia expandir-se cada vez mais depressa a área povoada, embora a densidade demográfica fosse reduzida. Cada agricultor, muitas vezes com duas esposas, chegava a ter até trinta filhos. Quando estes começavam a casar-se, migravam para um lugar, distante de um ou dois dias de viagem e ali se instalavam, indo os irmãos na sequência se instalando nas redondezas, formando verdadeiros núcleos familiares convivendo como vizinhos.

Quando os filhos dessas famílias chegavam a idade do casamento, o encadeamento com mulheres e homens dos núcleos próximos era o mais comum, formando dessa forma uma grande cadeia de parentescos ao longo de vastas áreas territoriais. Na ocasião da chegada a Orient, as pessoas com mais de 35 anos eram em pequeno número e os demais, em sua maioria viveram até idades avançadas de até 90 ou 95 anos. Dessa forma era comum os meninos conhecerem até as tataravós e os tataravôs, em muitos casos. Minck e Edith viveram até as idades de 95 e 93 anos respectivamente, sendo que seu falecimento ocorreu com intervalo de poucos meses. Deixaram uma vasta descendência, que ocupava as mais variadas posições na sociedade que se formava aos poucos no planeta. O casal foi sepultado em um túmulo simples, porém sempre dignificado, pela importância que todos davam a eles. Minck era tido como uma espécie de pai terreno de todos eles. Até pouco antes de seu fim, ainda participava da vida pública, mesmo com suas forças seriamente abaladas. Tinha sempre um conselho sábio, uma pergunta pertinente pronta em qualquer ocasião. Segundo lhe confidenciara Arki, alcançara o círculo número um, ou seja, o mais interno, dispondo de um anjo da guarda somente para sua pessoa, assim como Edith também, por sua grande dedicação à família, educação dos filhos, depois netos, bisnetos, trinetos e tataranetos. Estava sempre ao lado do marido, apoiando e servindo de amparo em todos os momentos.

Não fosse a sua importância para a população crescente, porém ainda pequena de Orient, provavelmente teriam realizado o fusionamento com seus ajustadores, ou seja, suas Fagulhas e sido transportados diretamente para a o Mundo das Mansões, no estágio final dessa etapa da evolução.

Mesmo com todo empenho de Minck, além dos pioneiros que chegaram de Urantia, sempre ocorriam alguns distúrbios em um e outro lugar, obrigando à criação de uma força de segurança para coibir tais eventos. O livre arbítrio dado pelo Pai, leva algumas pessoas, por mais bem orientadas que sejam desde o berço, a decidirem seguir o caminho diverso daquele que a Centelha divina residente em sua mente lhes indica. Não tendo poder de coação, apenas sendo capaz de apontar o caminho correto, isto é, servir de bússola para quem quer trilhar esse caminho, essa fração do Espírito Divino do Pai nada pode fazer além de continuar a apontar para o alto.

Em cada comunidade existia um templo de adoração ao Pai Universal, junto com os demais membros da trindade, bem como o séquito de Filhos Criadores, Espíritos da Verdade e seus exércitos de entidades espirituais. Ali se uniam os humanos com as hostes celestes e prestavam adoração ao Criador Primeiro, também chamado de Primeira Fonte e Centro do Universo. Com o tempo surgiram alguns filósofos que questionavam essa doutrina, afirmando que essa crença num Paraíso, onde reside um Deus Uno e Trino, tudo ao mesmo tempo, era algo muito vago. Não faltaram seguidores e se estabeleceu um grupo de adoradores de uma divindade mais concreta e palpável, personificada numa montanha vulcânica existente no território de uma das seis colônias fundadas inicialmente. A orientação que foi deixada por Minck era de que não deveria ser tomada nenhuma medida repressiva. Dissera:

– O Pai não quer obrigar ninguém a lhe prestar culto, nem impõe seu amor paterno, apenas deseja ser amado e que seus filhos decidam fazer sua vontade, livremente. Quem adorar o Pai por coação, na verdade não lhe presta culto algum, pois é contrário à sua vontade. Por isso, nada de repressão. Antes, vamos dialogar, dar exemplo e tentar convencer por esse caminho. Para obrigar ou coagir, será preciso usar a força e esse é o princípio que defendemos desde que aqui chegamos. Não usar força, mas sim o exemplo.

Dessa forma os integrantes do novo culto religioso, continuaram a conviver pacificamente, embora houvesse alguns atritos causados pelas divergências da fé. Havia entre eles os que queriam convencer a qualquer custo os seus vizinhos e mesmo amigos a aderir à nova religião. Quem não aceitasse, passava a ser visto como alguém de fora, que não era parte de seu grupo. Mesmo sendo a esmagadora maioria adepta do culto ao Pai Universal. Ainda assim esse grupo aos poucos prosperou e conquistou significativa parcela da população. Essa divergência acabou levando os adeptos a procurarem um território, ainda desocupado, para ali fundarem sua própria nação e seguir seu guia espiritual. No entanto, não tinham condições de sobrevivência isolados, sendo obrigados a entrar em acordo para obter suprimentos, especialmente de produtos industriais que ainda não dispunham em sua região. Dessa forma surgiu afinal uma convivência pacífica, apesar das divergências religiosas. Porém, no seio dessa seita, acabou por surgir nova corrente que por sua vez era mais radical e também se instalou em outro território mais distante, onde sobreviveram às duras penas, tendo sofrido privações sérias até que o fundador viesse a falecer. Os que assumiram a liderança após ele, decidiram ser mais humildes e também estabeleceram acordos de paz e convivência com o grupo original e depois com a maioria, para terem melhores condições de vida.

O desenvolvimento e a gradativa expansão da população proveniente de Urantia, fiel à doutrina original, finalmente chegou às proximidades dos territórios onde viviam os dissidentes. Assim a convivência voltou a ficar mais próxima, havendo inclusive casamentos entre homens e mulheres de ambos os grupos. Em algum tempo, havia famílias onde as normas se tornaram menos rígidas, para facilitar a convivência entre os membros de uma mesma casa e aos poucos estabeleceu-se um culto mais uniforme, embora contendo elementos de ambas as doutrinas. Isso gerou novas dissidências e formação de novas correntes religiosas no planeta. Era o que Minck tanto temera. Infelizmente, como lhe dissera Arki, não havia como evitar esse estado de coisas. Os humanos são livres para seguir seus desígnios, conforme lhes dê vontade.

Essas dissidências e cismas, geraram nações independentes da administração central que existia desde o começo. Cada continente ou grande extensão territorial tinha sua administração autônoma, porém formavam uma confederação quase global. Ficavam submetidos a uma administração central de onde emanavam as grandes diretrizes gerais a serem adotadas em todo planeta. Porém, aos poucos, surgiram os países que não aceitavam mais essa submissão. Consideravam-se autossuficientes em questões administrativas, não aceitando nada do que viesse da confederação. Houve quem sugerisse medidas que levassem os rebeldes à submissão, mas, por sorte na constituição da confederação, existiam artigos que vedavam tais medidas. Se o Pai Universal concedia o livre arbítrio a todos, também a administração material deveria respeitar a autodeterminação de grupos que rejeitassem as condições de submissão à confederação.

Todo esforço destinado à manutenção da unidade de governo havia sido envidado. Todos os dispositivos constitucionais, a orientação da educação, o respeito às liberdades individuais, tudo havia sido disposto tendo em vista a unidade. Entretanto, já anos últimos dias de vida de Minck existiam alguns focos de dissidência, porém, em seus últimos esforços ele conseguira manter todos unidos. Com o término de sua vida, não tardou que as separações começassem a ocorrer. Seus sucessores, entre eles filhos, netos e também outros integrantes da liderança buscaram por todos os meios eliminar os motivos da rebeldia, mas tudo foi em vão. Parecia ser o destino humano haver sempre o afastamento dos ensinamentos trazidos por revelações e inspiração. Por fim, empenharam-se em manter forte a fé, o culto ao Pai Universal, respeitando os desejos de quem quisera se afastar seguindo outro caminho. Talvez no futuro se reencontrassem e chegassem ao consenso.

Quase sempre as dissenções tinham por causa alguma questão menor como ciúmes, ambição por uma posição de maior destaque na comunidade, vaidade pessoal, amor próprio ferido. A natural insensibilidade de alguns, acabava gerando como resultado uma grande polêmica e no final surgia nova seita, novo grupo, disseminando discórdia e desamor. Enquanto existia espaço geográfico para expansão no território desocupado, havia sempre a possibilidade de migração para um lugar afastado e ali se instalar, cultivando suas crenças e cultos.

Porém, chegou o dia em que os continentes todos estavam ocupados, de alguma forma. A população crescera e atingia agora a casa de alguns milhões de pessoas, bastante distribuídas sobre o território. Já se haviam passado mais de cinco séculos desde o dia em que desembarcaram naquela manhã, à beira do mar, para uma aventura inigualável. O desenvolvimento científico atingira níveis bastante elevados, sendo no geral acompanhado pelo equivalente aspecto religioso, caminhando em harmonia. Entre as nações que se distanciaram do culto ao Pai Universal, também ocorrera o desenvolvimento científico, porém, a cada dia novas correntes de crenças e cultos eram criados. Desse modo, a ciência e tecnologia, ultrapassou em muito o grau de progresso da religião.

A consequência foi que os costumes, a moral e a ética, decaíram consideravelmente. Daí haver necessidade de haver forças de policiamento fortes, para conter os atos de violência e desrespeito à propriedade ou à vida do próximo. Muitas prisões tiveram que ser construídas e não demoravam a estar repletas de detentos. Como não havia forte controle de fronteiras, muitos indivíduos de maus antecedentes, visando escapar das punições a que faziam jus em seu país, fugiam para as nações confederadas, permanecendo por algum tempo escondidos, trabalhavam sem desrespeitar as leis e costumes. Porém, como é costume dizer, pau que cresceu torto, dificilmente endireita. Chegava o dia em que, diante da pouca vigilância e falta de disposições de segurança, supunham poder praticar atos de delinquência, sem sofrer consequências. Até por algum tempo isso funcionava, mas logo, o alerta era dado e providências tomadas.

Dessa forma, os governantes das terras confederadas, foram obrigados a prover também tropas de segurança e mesmo a construir prisões, onde os delinquentes passaram a ser recolhidos. Tribunais já existentes, foram aperfeiçoados para julgar e aplicar sentenças. Em questão de pouco tempo foi constatado que a quase totalidade dos detentos era formada por elementos fugidos de nações dissidentes. Isso levou à realização de gestões para limitar esse tipo de entrada livre no território. As fronteiras foram vigiadas e os vizinhos estranharam tal medida, quando lhes foi informada a razão. Assim estabeleceu-se tratados de extradição entre os povos, para que os criminosos fossem recambiados para seus locais de origem.

Mesmo assim isso gerou algumas graves desavenças entre vizinhos, levando a ocorrência de algumas escaramuças no estilo de uma guerra, porém, o armamento era praticamente inexistente e logo se chegou à conclusão de que melhor seria estabelecer a paz. Sentar-se à mesa de negociação e discutir os motivos do desentendimento. Os países em que houvera dissolução dos costumes e da moral, esforçaram-se por recuperar o terreno perdido, mas tiveram pouco êxito. Havia sempre os remanescentes que se acomodavam por algum tempo, até que o sistema de segurança e vigilância sofresse um afrouxamento e voltavam à carga. Assim havia períodos de relativa ordem e paz social, seguidos por novos tempos de agitação e violência.

Os estudantes nos países separados, indagavam da origem do povo e a razão das diferenças existentes entre os países. As respostas nem sempre satisfaziam e vários deles, insatisfeitos, conseguiram permissão para migrar aos países da confederação, onde tomaram conhecimento dos fatos históricos relativos ao repovoamento do planeta. Diante das graves discrepâncias existentes, muitos deles se transformaram radicalmente do ponto de vista religioso. Abraçaram a fé no Pai Universal e se propuseram, após o término dos seus estudos, voltar à terra natal, levando a verdade para os irmãos. Alguns obtiveram êxito, enquanto muitos fracassaram completamente. Suas ideias eram tidas como obsoletas e retrógradas, chegando a ser vítimas de suas convicções. Vários deles foram assassinados violentamente, outros acusados de traição e sublevação, foram aprisionados e condenados por longos períodos. Tais perspectivas fizeram outros a agir de modo diverso. Criaram grupos de culto, mas sem tentar converter os outros cidadãos, de modo que suas comunidades cresciam mais devagar, mas sem interferências bruscas.

Mesmo assim, os esforços de alguns foram coroados de sucesso, chegando a situação de reunirem milhares de seguidores. Tornou-se habitual realizar, a cada ano em época determinada, uma peregrinação até locais considerados de interesse e situados nas terras confederadas. Esses movimentos não eram vistos com bons olhos pelos governantes, nem pelos líderes religiosos do país. Viam nesses movimentos uma ameaça à segurança nacional e à religião tida como oficial. O fato de haver uma “religião oficial”, acabara gerando uma promiscuidade acentuada entre o governo civil e a religião. Os líderes governamentais impunham sua vontade no âmbito religioso, bem como membros da religião assumiam cargos de governo. O povo, no final das contas, não sabia mais onde terminava o estado e começava a religião. Eram um emaranhado de normas, sem delimitação clara do que era civil e do que era religioso.

Esse estado de coisas reinava em Orient, na ocasião em que Micael de Nébadon, encarnou em Urantia (Terra), como Jesus de Nazaré, filho de Maria, casada com José, carpinteiro de profissão. Esse acontecimento, tão importante para todo universo local de Nébadon, ficou sem o conhecimento dos moradores de Orient. Quem estava de olhos atentos a estes fatos, eram os seres supra-humanos existentes no planeta, como os intermediários e outros de posições superiores, como o Príncipe Planetário regente e seu séquito. Era a sétima e última efusão do Filho Criador desse universo, na vida de uma de suas criaturas, antes de assumir a plena soberania sobre o universo. O que havia de estranho no fato, era ele ter escolhido exatamente Urantia, um dos mundos habitados cujos príncipes planetários aderiram à rebelião de Lúcifer, o governante do sistema de Satânia.

Antes de iniciar sua vida pública, Jesus atingiu o ponto culminante de sua missão, ao vencer definitivamente a Lúcifer e seus aliados, que a partir daquele momento tornaram-se prisioneiros em um dos mundos, nas proximidades da capital do sistema. Habitualmente os Filhos Criadores, escolhem algum planeta habitado, que esteja em estágio mais avançado para essa efusão na carne de uma pessoa evolutiva. Cristo Micael, como também é conhecido no cosmos, escolheu o planeta mais atrasado de seu universo, para realizar ali sua mais prodigiosa efusão. Veio comunicar às criaturas que o Pai do Paraíso, ou seja Deus Pai, Primeira Fonte e Centro do Universo dos Universos, é um espírito de puro amor por todos seus filhos. Ele deseja ser amado e espera que todos decidam espontaneamente, caminhar segundo sua Vontade. Essa foi a boa nova que Micael veio anunciar e ao final deixou o novo e maior mandamento: “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei”.

Esse mandamento foi comunicado por meio de profetas e outros seres da esfera sobrenatural a todos os mundos habitados em todo universo de Nébadon. Em Orient, os intermediários Nemur e seus auxiliares, se tornaram visíveis a vários grupos, a quem relataram os fatos mais marcantes da vida de Micael, em Israel da Palestina, no planeta de onde os atuais habitantes haviam vindo há séculos passados, com a missão de repovoar o planeta que ficou desabitado por mais de 1500 anos, após o desastre bélico que dizimou a espécie humana que ali vivia. Nesse momento, houve a recordação do que constava nos livros de história, o túmulo até hoje venerado de Minck e Edith, casal líder da força de pioneiros que veio colonizar e habitar novamente o planeta, numa nova tentativa de realizar ali o estágio de Luz e Vida. Seriam necessários muitos ajustes, mudanças de postura, pois viviam ainda em parte segundo tradições ultrapassadas, apesar das evoluções que haviam ocorrido nos séculos de vida em Orient.

A essência da mensagem de Micael para os homens em Urantia, era a confirmação das revelações trazidas por Caligástia, depois pelo casal Adão e Eva, bem como mais recentemente por Maquiventa Melquisedeque, que viveu na cidade de Salem, onde difundiu a doutrina da Trindade, do Deus de amor e misericórdia. O tempo, porém, se encarregara de apagar, quase completamente, essa doutrina da mente humana, ficando apenas alguns vestígios, espalhados em diversos grupos religiosos ao redor do mundo. O único povo que cultuava um Deus único era Israel, porém misturavam muitos detalhes provenientes de cultos idólatras existentes nos países vizinhos. Micael veio anunciar uma religião libertadora, onde o jugo suportado pelos israelenses, principalmente os judeus que viviam na esfera de influência de Jerusalém, onde pontificavam os sacerdotes e os fariseus. Costumavam impor ao povo um pesado fardo de normas proibitivas além de uma boa quantidade de outras obrigatórias. Eles próprios eram rápidos em burlar, com artifícios o que impunham ao povo como jugo inalienável.

Essa revelação, feita em Orient por Nemur e seus auxiliares, mesmo nos países que haviam renegado o Pai Universal, produziu uma grande modificação. A fé foi avivada e a adoração foi intensificada, de modo a recompor o equilíbrio entre religião, ciência e tecnologia. Os pesquisadores estavam em estágio avançado no domínio dos segredos da química, física e davam os primeiros passos na produção de energia elétrica. Algumas máquinas capazes de gerar eletricidade em quantidades significativas já estavam em funcionamento, alimentando outras experiências, que procuravam aplicações práticas desse fenômeno. Na química se realizavam as reações básicas dos diferentes elementos, obtendo-se compostos novos e desenvolvendo os primeiros medicamentos artificiais. Até ali os medicamentos eram todos extraídos de plantas, flores, frutos e sementes. A casca de árvores, as folhas eram frequentemente usadas na preparação de vários compostos medicamentosos.

Um significativo grupo de pesquisadores geológicos, bem como paleontológicos estava em atividade, desde muitos anos. Haviam desenterrado uma imensa quantidade de objetos existentes na era final da espécie humana extinta. Em outros sítios encontraram restos de máquinas e equipamentos variados, muitos deles ainda em estado de boa conservação, embora não lhes soubessem o uso específico, faziam conjeturas e imaginavam o princípio de seu funcionamento. Dessa forma, em conjunto com os cientistas, pesquisavam o que poderia ser usado em aplicações, a partir dos conhecimentos ora disponíveis no planeta. Provavelmente ainda demorariam muitos anos até atingir condições de desenvolver algo que se assemelhasse de alguma forma com os achados arqueológicos. Vários museus onde eram guardados os achados de eras remotas do planeta, foram encontrados semidestruídos, porém ainda com a maioria dos objetos intactos. Assim puderam reconstituir uma parte da história passada do planeta, estabelecendo paralelos com o estágio final e o atual. Vendo o que havia sido possível construir com os conhecimentos adquiridos, sentiam-se estimulados a acelerar as pesquisas, procurando avançar o máximo, no menor tempo possível.

A chegada da mensagem de Cristo Micael, trazida pelos intermediários, causou uma significativa mudança na vida religiosa nos países separados. Grandes multidões aderiram novamente ao culto do Pai Universal, estabelecendo-se assim uma múltipla religiosidade. As religiões idólatras, perderam adeptos rapidamente, levando os chefes a tentar sabotar o trabalho dos portadores da boa nova. No entanto, estes eram firmes e fortes na fé, avançando cada vez mais. Em algumas décadas, mais da metade da população havia adotado o culto do Deus único, reunindo-se para prestar adoração a ele, primeiro em praças e locais abertos. Depois edificaram seus templos, lugares amplos e despojados de adornos, apenas servindo para abrigar os adoradores, nos momentos de oração. O fervor crescia a cada ano, levando a ocorrência de intercâmbio entre esses grupos, agora majoritários e povos da área confederada.

Esse intercâmbio, reforçou a crença geral, tornando a fé no Pai Universal e seu filho Micael, o criador do Universo Local, algo inquebrantável e sólido.  Enquanto isso, os sacerdotes das seitas idólatras, continuavam a queimar animais, incensos e mesmo realizando sacrifícios humanos, apesar da proibição desses procedimentos por parte das autoridades civis. Em determinado momento, houve sequestro de jovens mulheres, virgens para realização de sacrifícios. Quando isto ficou provado, as seitas que realizavam tais rituais, foram banidas e os sacerdotes encarcerados, para não terem mais como realizar esses atos cruéis. Infelizmente houve alguns atos de violência inevitáveis em decorrência desses acontecimentos. Com o passar do tempo, isso passou a ser parte da história, ficando relegado a um plano secundário, especialmente quando os líderes dessas seitas terminaram seus dias na prisão.

Não havendo mais quem presidisse aos rituais, principalmente por lhe desconhecer os detalhes, com o passar do tempo eles caíram no esquecimento, salvo um ou outro fanático que teimava em fazer renascer esses cultos. Mas as autoridades foram severas na repressão e não mais permitiram que a prática fosse retomada. Os antigos locais de culto foram transformados em museus e vigiados para que ninguém tentasse usá-los para nada além de servir como indicação do que fora um dia uma prática considerada religiosa. Assim, todos os países tornaram a se unir, formando uma nova e grande confederação, em torno do governo central, mantendo cada nação sua identidade. As línguas que haviam se diferenciado a partir de dialetos surgidos nos primeiros séculos em diferentes lugares, foram unificadas em uma língua comum, falada e ensinada em todos os países, sem, no entanto, extinguir o uso das antigas.

O sinal de que o dia de realizar o estágio de luz e vida se aproximava era esse. A união de todos em torno de um governo central. Persistia ainda o culto em alguns grupos menores, porém já haviam aderido ao culto de uma divindade única, sem a idolatria que antes grassava por toda parte. As ciências avançavam rapidamente e a religião caminhava no sentido de tornar-se única em todo globo de Orient. Em algumas décadas foi inventada a máquina movida a vapor de água, quando os cientistas e engenheiros conseguiram decifrar alguns desenhos encontrados em bibliotecas onde eram guardados, quando a catástrofe sobreveio. A boa preservação, em ambientes bem planejados, havia garantido a integridade desses documentos. Uma das maiores dificuldades foi decifrar a escrita, mas bastou que os primeiros símbolos fossem identificados para que os demais se tornassem uma decorrência quase natural. Havia na escrita usada em Orient pela civilização extinta, uma característica facilitadora. Era extremamente simples, sem símbolos complexos, nem em grande número, o que facilitou sobremaneira a tarefa de decifração.

Ao mesmo tempo isso tornou possível a leitura e entendimento de outros documentos científicos. Inicialmente incompreensíveis, mas quando foram encontrados os que ensinavam os primeiros passos, tudo ficou mais claro. Havia uma descrição progressiva de todos os conhecimentos químicos, físicos e matemáticos. Uma vez decifrados e adaptados à escrita atual, os avanços foram acelerados em escala inimaginável. Em poucas décadas foi dado um salto incalculável. Os líderes religiosos ficaram atentos para esse detalhe. Não poderiam permitir que a ciência avançasse além de certo limite, sem a correspondente evolução religiosa, sob pena de correrem o risco de percorrer o mesmo caminho seguido pelos povos que os precederam no planeta.

Um segundo fracasso era inadmissível e foi então que surgiu um novo profeta, na verdade um Melquisedeque, encarnado de forma semelhante à Maquiventa de Salem. Ele veio reforçar a mensagem de Cristo Micael, embora eles não tivessem conhecido esse personagem, mas ele lhes foi descrito tão detalhadamente que parecia que o tinham visto em pessoa. O personagem peregrinou por todas as nações existentes em Orient e visitou os centros mais importantes, semeando a boa nova, reforçando a mensagem do Filho Criador. Dessa forma o culto do Deus Uno e Trino, residente na Ilha do Paraíso, tomou novo impulso, alcançando um nível nunca visto. O número de pessoas não envolvidas em práticas constantes dos momentos de adoração era mínimo. A tecnologia em um período de 100 anos, avançou o equivalente a quase um milênio, graças ao domínio conseguido das informações científicas e projetos tecnológicos dos antigos habitantes do planeta. Interpretando os projetos foram capazes de reconstruir muitas máquinas, porém evitaram a produção das armas de destruição, pois estas haviam determinado o fim da civilização antiga. Em contrapartida, o avanço tecnológico permitiu a automação de grande parte das tarefas manuais, reduzindo de forma drástica a necessidade de jornadas de trabalho com longas horas diárias de duração. Foi possível reduzir o dia para apenas seis horas e a semana com apenas cinco dias de trabalho.

Com isso passou a sobrar tempo precioso que foi gasto em convivência familiar mais intensa, prática da adoração em família e comunitária, mais horas de estudos, com aprofundamento dos conhecimentos de todas as classes sociais. A discriminação, por quaisquer motivos, deixou de existir, empenhando-se todos em promover a paz, harmonia e convivência pacífica entre todos os membros da comunidade.

Curitiba, 09 de junho de 2016

Décio Adams

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