Trapaça!
Por Marcelo Labes.
Soa um pouco estranho esse título, não acham? A leitura do trabalho, composto de poesias bem elaboradas, percebe-se que, a meu ver pelo mens, o título tinha exatamente a intenção de provocar esse sentimento.
Tendo aprendido versificação nos anos escolares, idos de 1960/70, com meu estimado professor Carlos Afonso Schmitt, sempre me deparo buscando a métrica e as rimas, preferencialmente ricas. Invariavelmente me frustro, pois a poesia moderna abandonou, principalmente a métrica. Há sim quem ainda use, principalmente quando se trata de alguém que, como eu, tem enraizado dentro da mente essa técnica de fazer poesias.
Marcelo Labes, com certeza não é um desses. No entanto, enquanto lemos, temos a impressão de ouvir uma melodia, formada pelas palavras harmoniosamente dispostas, de modo a soarem como música. Em momentos é preciso um esforçp para concatenar as ideias transmitidas pelas palavras. Elas aos poucos penetram em nossas mentes e fazem ver o seu significado.
Em determinados momentos, explode em nossa cara, qual uma bomba colocada de surpresa, um inesperado: “Foda-se”, completando o conjunto de modo aparentemente desconjuntado.
Mais além, derrama, sem aviso prévio, um “merda”, dando um susto no leitor desavisado, uma vez que no contexto ninguém esperaria esse termo.
Tudo isso, torna a poesia de Marcelo Labes, intrigante, em partes faz pensar e refletir. Não é possível ler, de ponta a ponta, sem parar para analisar o significado daquele amontoado de palavras. Chega-se no fim à conclusão de que é algo mais. É poesia, mesmo quando parece não ser.
É meu parecer que, depois de concluir a leitura, fica claro o título. Enquanto lemos, sentimo-nos trapaceados em determinados instantes. Mas ao final, descobrimos que houve uma “trapaça, dentro de trapaça”.
Curitiba, 15 de dezembro de 2016
Décio Adams
www.facebook.com/livros.decioadams
@AdamsDcio
Telefone: (41) 3019-4760
Celulares: (41) 9805-0732