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11. Encontro importante.
A aldeia inteira estava agitada. Haviam sido convocados para comparecerem, na tarde do dia de descanso, para um debate longo, como era previsível. Estariam discutindo e votando os artigos da legislação que regeria os destinos comuns nos próximos anos. A curiosidade era geral. O que teriam produzido aqueles nove membros, encarregados da elaboração desses documentos? Haveria muita discussão, possíveis modificações, quem sabe um novo tumulto provocado por descontentes? Os componentes do grupo estavam serenos. Tinham certeza de ter produzido algo bem equilibrado, sem rebuscamentos retóricos ou literários. Desejava-se que a maioria da população fosse capaz de compreender cada palavra e dessa forma, facilitar a aplicação, o cumprimento dos deveres que caberiam a todos. Nesse clima anoiteceu o último dia de trabalho.
Todos aproveitaram para caprichar na higiene pessoal nesse dia. Era algo habitual a todos no dia a dia, porém, na véspera de um dia especial, valia a pena ser mais cuidadoso. Durante o jantar, a conversação invariavelmente girou em torno das leis que estavam na iminência de conhecer e aprovar. Era o que a imensa maioria desejava, embora não descartassem a hipótese de rejeitar algum artigo que não fosse do agrado. Fazia parte do projeto desde o começo. Havendo partes rejeitadas, elas seriam submetidas a modificações e voltariam a ser objeto de nova discussão em momento oportuno, no menos espaço de tempo possível. Minck estava atento ao que os familiares comentavam. Tentara extrair do Mestre Zósteles algumas informações, no entanto ele se mostrara inflexível. Quem quisesse saber, deveria estar presente no momento da discussão. Seria contraproducente revelar alguma coisa antecipadamente, provocando discussões inúteis e desprovidas de propósito.
Zósteles apenas comentara que esperava algumas oposições, o que aliás seria bom. Tinha a convicção de a unanimidade total e absoluta, era perigosa. As discussões bem conduzidas, eram capazes de trazer nova luz sobre aspectos obscuros, resultando com isso em algo que, ao final, era melhor do que a primeira versão. Minck meditara sobre essa observação e concluiu que o Mestre tinha razão. Várias mentes contrapostas em relação a um mesmo assunto, eram capazes de enxergar e trazer à tona problemas que, de outra forma, ficavam sem análise. Se houvesse correções a fazer, que fossem feitas logo, antes mesmo da implantação do sistema como um todo.
Terminado o jantar, estando a noite clara e a lua logo surgiria no horizonte, o menino novamente se esgueirou para o alto do penhasco. Dessa vez tomara o cuidade de percorrer um caminho diverso. Queria evitar ser seguido. Nos dias subsequentes ao último encontro com Arki, o irmão Ballak indagara onde estivera naquela noite. Sabiamente ele respondeu que dera um longo passeio pela praia, indo até um outro penhasco, à beira mar, situado mais à frente. Passara longo tempo observando as estrelas e a Lua. Por fim voltara para casa, encontrando a mãe a dormir na cadeira. O resto o irmão sabia. Na manhã seguinte haviam saido para o passeio na área rural.
Ao alcançar o topo, sentou-se num ponto coberto de sombra e ficou a espreita. Queria certificar-se de que ninguém o estivera seguindo. Poderiam estar esperando, para surpreende-lo quando estivesse distraído. Parecia que a explicação dada da vez anterior fora eficiente. Por algum tempo esperou imóvel, mas nada apareceu que o levasse a suspeitar da presença de alguém nas proximidades. Encaminhou-se para o lugar costumeiro dos encontros e sentou-se no lugar preferido. Ao dirigir o olhar para o céu na área habitual, demorou um pouco para divisar a estrela. Havia um pouco de nebulosidade na área e ela ficara levemente encoberta.
Ao identifica-la, logo notou a diferença e o familiar raio azul apareceu. Em poucos instantes sentiu ao seu lado uma presença. Demorara um pouco apreciando a vertiginosidade do deslocamento pelo espaço e assim teve um pequeno sobressalto ao ouvir a voz de Arki:
– Salve, amigo! Você parece que está no “mundo da lua”?
– Salve, Arki. Eu estava observando a beleza do azul que tem o rasto de seu transportador. É uma cor que não se consegue ver em nada aqui na Terra.
– E isso que você olha com olhos humanos. Visto com olhos dos seres espirituais ou semi-espirituais, ele fica mais lindo ainda.
– Quer dizer que nós não enxergamos as coisas como elas são de verdade?
– O órgão de visão de vocês é limitado a enxergar as cores dentro dos limites materiais. Olhos sobrenaturais, percebem muito mais detalhes e sutilezas. Isso é assim mesmo. Um dia você será capaz de ver tudo isso, do jeito que estou falando.
– Se já bonito agora, imagino se for ainda mais bonito. Deve ser simplesmente maravilhoso.
– Você disse a palavra exata.
– Lembra que na última vez que conversamos, você me disse para prestar atenção em todas as novidades que iriam aparecer?
– E como eu iria esquecer? Lembro de tudo. E o que foi dessa vez, meu amigo?
– Naquele dia eu disse que iríamos passear em casa de amigos num sítio. Quando estávamos chegando em casa, havia perto de casa um grupo de pessoas, conversando e gesticulando.
– E qual era o motivo disso?
– Logo fiquei sabendo. Naquela tarde dois viajantes, vindos de longe, lá da região dos montes do Himalaia. São metalurgistas e trouxeram novas técnicas de fazer ligas de ferro e vieram se instalar na aldeia. Já conseguiram até minério que vem pelo mar e é de melhor qualidade do que aquele que usavam.
– Isso é muito importante. Algumas pessoas irão aprender as técnicas com eles e servirão para compor o grupo de transposição.
– Eu fiquei preocupado com uma coisa. Fazer coisas com ferro, um metal mais forte e resistente, é ótimo. Mas eles fabricam facas para cortar coisas. Logo também sabem fazer armas para matar e isso me deixou triste. Podem também saber fazer outras armas que usem esse metal, tornando-se mais eficientes no caso de guerra.
– Deixe eu lhe explicar uma coisa, amigo.
– Pode falar, pois estou precisando tirar um peso da minhas costas.
– Vejamos. Quando nós tivemos nosso primeiro encontro, logo depois você viu os barcos piratas vindo para atacar o porto, certo?
– Sim e eu corri avisar meu pai. Ele avisou o chefe dele e conseguiram defender, impedindo o ataque.
– Os mesmos homens que sabem fabricar os barcos para comércio, também sabem fabricaros barcos para os piratas. O mal não está nos barcos ou quem os fabrica. O mal está no uso que as pessoas fazem deles. Certamente esses metalurgistas fazem ferramentas agrícolas, como enxadas, machados e arados. Com essas mesmas técnicas, apenas mudando levemente as formas, podem fabricar outros utensílios, inclusive armas de guerra.
– Mas então, como fazer para evitar as guerras? Penso que isso é uma estupidez.
– Para evitar as guerras, é preciso que as pessoas aprendam desde cedo que é mais eficiente e fácil resolver tudo pelo diálogo, do que pela violência. Mesmo assim, haverá sempre riscos de eclosão de guerras. Infelizmente, sendo providos de livre arbítrio, as pessoas podem escolher o que irão fazer. Nem toda boa vontade será capaz de demover algumas delas de suas inclinações guerreiras. A ganância, a ânsia de poder, o orgulho de sentir-se superior aos outros, tudo isso são fatores que contribuem para os desentendimentos. Isso faz parte da natureza humana. Não temos como eliminar, apenas podemos trabalhar os sentimentos das pessoas em geral, na esperança de que haja mais gente disposta ao diálogo do que à guerra. Precisaremos de metalurgistas no novo mundo. Do contrário será preciso começar tudo do começo. Assim, tendo um grupo capaz de trabalhar metais, mesmo que sejam ligeiramente diferentes dos daqui, logo conseguirão fazer uso dos mesmos e ajudarão no desenvolvimento de uma civilização nova nesse planeta.
– Eu tinha pensado que iríamos para lá, construir uma espécie de paraíso. Mas estou vendo que não vai ser nada fácil.
– Acho que não lhe prometi isso em momento algum. Também não quero lhe amedrontar. Até aqui você está se comportando maravilhosamente e não espero que agora comece a ficar com medo.
– Não, amigo. Acho que é normal eu ter um pouco de receio. Afinal, sou ainda um menino e não tenho experiência de muitas coisas.
– Assim que eu gosto de ver. É normal ter medo. Enfrentar o medo, com coragem, leva a prudência. Quem não tem medo algum, torna-se temerário e isso é um perigo gigantesco. Você ainda tem bastante tempo para aprender, antes de se tornar o líder dos “colonizadores” no espaço. Aproveite e reúna o máximo de conhecimentos que puder. Nada do que aprender, será inútil. Até mesmo o que é aparentemente insignificante, em algum momento terá sua serventia. Tenha fé, meu amigo. Você se tornará um grande líder e fará um trabalho grandioso no planeta. Se prestou atenção quando passamos por lá, ele tem alguma semelhança com a Terra de vocês. Vai se sentir em casa quando lá chegar.
– Será mesmo que vou me sentir em casa? Parece um pouco difícil. Fica tão longe que daqui nem se consegue ver o planeta.
– Realmente fica longe, mas mesmo que não fosse tão longe, a posição dele, atrás de outros astros impede a visão.
– Em que direção ele fica, olhando daqui?
– Está vendo aquele grupo de estrelas ali?
– Sim, o que parece um bando de estrelinhas miudas ao redor de uma maior?
– É atrás desse conjunto que está oculto o planeta de que falamos.
– Quer dizer que as pessoas que irão ficar aqui, poderão apontar para lá e dizer que estamos lá, em algum lugar?
– Com o tempo as posições mudam um pouco, mas por muitos anos será ali que vão estar.
– E amanhã, depois do almoço, o povo vai discutir as leis que foram elaboradas.
– E você certamente vai estar presente. É importante, mesmo que não possa participar, devido à idade, vai servir como aprendizado de como se deve ou não fazer as coisas. Preste atenção e veja o que é correto, construtivo e também o que não é correto, destrutivo. Será fácil distinguir uma coisa da outra.
– Espero que seja tudo aprovado, sem muita confusão.
– Isso pode ser desejável no primeiro momento, mas, se olhar bem, a discussão pode esclarecer dúvidas, apontar falhas que podem ser corrigidas antes de aprovar o texto final.
– Eu confio no Mestre e nos outros. Eles fizeram um bom trabalho. Por mim aprovaria tudo sem demora.
– Isso seria um erro, meu amigo. Não estou dizendo que o trabalho não foi bem feito. Mas todos estão sujeitos a cometer erros. Até mesmo os de minha categoria, cometem erros, quanto mais os humanos. É natural cometê-los.
– Eu tentei conversar a respeito com o Mestre mas ele não quis dizer nada. Disse que poderia haver vazamentos e provocar discussões inúteis.
– O seu Mestre filósofo é sábio. Ele certamente confiaria em você, mas havia sempre a hipótese de alguém ouvir sem que percebessem e espalhar a novidade. Há gente leviana demais no mundo e isso poderia causar problemas inesperados.
– Nem pensei nessa possibilidade. Estávamos sozinhos e fiquei até um pouco triste por ele não confiar em mim. Depois passou e resolvi ter paciência até amanhã.
– Começando cedo a desenvolver a sabedoria, hein amigo? Isso é bom sinal. Se o povo pode esperar, você também pode com certeza. É bom dar o exemplo.
– Foi o que ele me disse e assim eu me conformei. Lá em casa tem novidades que vão acontecer nos próximos meses.
– Novidades? O que está para acontecer?
– Meus dois irmãos mais velhos estão contratando núpcias com as moças que eles estão cortejando há algum tempo. Até o próximo ano irão se casar.
– Casar-se e ter filhos, é parte da vida do homem e da mulher. Sem essa experiência ficam impedidos de prosseguir no caminho da evolução antes de completar essa parte da experiência de vida.
– Isso significa que, quem não tiver tido filhos antes de morrer, terá que se casar na etapa seguinte e tê-los?
– Depois da morte na vida na carne, não existe mais a função de reprodução. Mas existe um lugar, como um berçário, onde os filhos que nascem mortos, ou morrem muito pequenos, antes de receber a fagulha, permanecem até que seus pais cheguem no começo da vida após a morte. Eles são ressuscitados juntos, mas não podem ser pais. Nesse berçário os homens e mulheres que morreram sem viver a experiência paterna/materna, podem ajudar a criar os filhos dos outros, adquirindo a experiência. Isso lhes ajuda na compreensão do significado verdadeiro do Pai Universal.
– Quer dizer que vou precisar me casar e ter filhos, antes de ir para o novo planeta?
– Pode ser antes e pode ser depois. Isso não importa. Mas precisa passar pela paternidade, para não ter sua carreira evolutiva travada na primeira etapa.
– E as pessoas que nunca se casam, como ficam?
– Terão que passar pela experiência de aquisição da paternidade, digamos assim, adotiva. Ajudarão a cuidar dos filhos de outros. Os seus irmãos, casando-se agora, irão ter filhos que poderão estar na idade de começar a viver mesmo, depois de chegarem à “nova pátria”, se eles aceitarem acompanhar o grupo.
– Essa é a parte que me preocupa as vezes. As pessoas que irão participar, serão avisadas e dirão se aceitam ou não?
– Acho que já falei disso, pelo menos superficialmente. No momento oportuno, encontraremos uma forma de fazer isso. Não se preocupe. Os que não aceitarem, terão apagadas de suas mentes as lembranças, sem prejuizo do resto. Não deverão ficar por décadas falando de um convite recebido e inventando histórias. Talvez até sentindo remorsos por não aceitar, especilamente nos momentos mais difíceis que certamente irão infrentar ao longo da vida. Nossa intenção não é criar problemas para ninguém.
– Bem que poderia aparecer alguém, daí de cima, em forma de gente e criar um grupo se seguidores. Depois faria o convite e quem aceitasse, iria junto. Não sei se isso é possível.
– A questão é menos de possibilidade do que de conveniência. Mas quem tomará essa decisão não seremos nós dois, amigo. O Soberano do Sistema com seus conselheiros fará isso.
– Nós seremos apenas executores da vontade dele. Uma responsabilidade e tanto.
– Assumir responsabilidades faz parte da vida de cada um. Sem isso, não se vai para frente.
– Sabe se nos próximos dias há previsão de chegar mais gente nova na aldeia?
– Me parece que no momento os que vieram bastam. Daremos um tempo ao povo para absorver tudo que já aconteceu e ainda está acontecendo. Se exagerarmos na dose, pode fazer mal. Depois de um intervalo para implantar as mudanças, tudo isso começar a dar os primeiros frutos, haverá tempo suficiente ainda para mais novidades e muitas, pode crer.
– É bom para o povo se acalmar. Há gente que está ficando preocupada com tudo isso. O mestre de letras e filósofo, depois o das lutas, o geômetra e engenheiro, por último os dois metalurgistas, tudo isso está deixando as pessoas malucas. Até apostas sobre a próxima novidade estão ocorrendo. Creio que não queremos uma cidade de birutas aqui. Queremos pessoas equilibradas, trabalhadoras e inteligentes. Isso faz parte de uma cidade que progride e cresce.
– Você disse bem. No entanto, até mesmo os tais “malucos”, muitas vezes são bem sábios. Falta, talvez, que alguém preste atenção no que dizem e tente entendê-los.
– E dá para entender um maluco?
– Prestando atenção no que ele diz, é possível perceber que pode não ser tão maluco quanto pensamos.
– Vou ficar atento daqui para frente. Há alguns deles na aldeia. Meus pais sempre me disseram que não deveria me preocupar com o que dizem, pois são malucos. Acho que ninguém nunca se preocupou de verdade com eles.
– Não estou dizendo que deva ser imprudente. Há alguns desequilibrados que se tornam agressivos e você correr risco. Isso deve ser evitado. Mas tentar escutar e pensar bem sobre tudo, pode apontar ensinamentos valiosos.
– Há uns que gritam e xingam, mas na verdade não fazem nada. É só barulho. Tem um que fica trancado em uma espécie de jaula. Esse sim, acho que é perigoso. Mesmo assim me dá uma pena dele, dentro daquele cubículo pequeno, feito de grossos troncos e peças de ferro.
– As pessoas fazem isso com eles por não saberem como lidar com sua agressividade. Se os deixam soltos, eles poderão causar problemas sérios e isso ninguém quer. É um problema sério. Mas você está certo ao sentir compaixão dos pobres que vivem nessa condição. Eles não escolheram ser assim. Algum problema genético ou de doença danificou o funcionamento normal do cérebro deles e por isso ele entra em uma espécie de pane geral.
– O que é uma “pane”?
– Usei a palavra errada. Pane é quando tudo para de funcionar da forma correta. Entendeu?
– Entendi. Parece uma máquina que entrou areia e travou. Não vai mais para frente nem para trás.
– Comparação perfeita. Você está me saindo um belo sábio, apesar de sua pouca idade.
– Pensando bem, será que algum dia o homem vai aprender a curar algumas dessas doenças que trazem tanto sofrimento?
– O ser humano, aqui na Terra, ainda está engatinhando na sua evolução. Um dia, no futuro, vai haver aqui máquinas tipo aquelas que você viu naquele planeta dos “passaros” que voam sem bater asas. É possível que sejam um pouco diferentes, mas coisas daquele tipo irão acontecer por aqui, só que irão se passar milhares de anos até lá. Quando isso acontecer, também haverá médicos, capazes de curar muitas doenças. Outras doenças irão surgir também.
– Todos nós teremos virado pó há muito tempo então. Não teremos chances de chegar a ver algo assim de perto.
– Vocês verão de perto, mas na forma de espíritos, a caminho da eternidade no Paraíso. Com certeza verão por lá maravilhas muito mais impressionantes do que essas máquinas que produzem poluição, se desgastam e entram em “pane”. Duvido que queira trocar a visão das maravilhas que virão pela sua frente na vida futura, por um simples “brinquedo” mecânico.
– Eu quero viver essa aventura da eternidade, com certeza. Só havia pensado na possibilidade de desenvolver alguma coisa assim lá no “nosso” planeta. Mas se vai demorar tanto, nem pensar no caso. Vamos em frente.
– Quando chegar nos mundos evolutivos, verá tantas coisas belas e cada vez mais belas, na medida que avançar, que sequer lembrará de um dia ter vivido num mundo material e limitado. Onde a vida é dolorosa, existe muito sofrimento, doenças e outros problemas graves.
– Isso é uma esperança confortadora. Aquece o coração da gente. Pena que não posso sair e dizer isso a todos. Se ao menos houvesse uma chance mínima de compreenderem.
– Você perderia seu tempo, iria se submeter à chacota de muitos e sem resultado algum. Iriam querer colocar você em uma daquelas jaulas, igual ao maluco que falou.
– Desisto. Vou esperar a hora de falar que é melhor, sem dúvida.
– Siga em frente. Volto daqui a mais quatro semanas.
– Estarei esperando, amigo.
Em um átimo de tempo, Arki desapareceu no espaço, não ficando nem o rasto de luz, depois de sumir no interior da estrela. Restava a Minck voltar para casa. Ouvira uma porção de coisas novas e sua mente fervilhava. Como seria bom se pudesse contar tudo isso a sua mãe, ao seu pai, até mesmo aos irmãos. Mas como fazer isso, sem se sujeitar à dúvida e troça dos outros? Melhor mesmo era ficar quieto e ruminar pessalmente tudo que lhe ia na mente. Guardar só para si os grandes acontecimentos que previa iriam acontecer na sua vida e da família, aliás, de muitas famílias da aldeia. Hoje eles nem suspeitavam de nada semelhante.
Iria esperar a hora certa, enquanto isso participaria da vida da aldeia, da melhor maneira possível, aprendendo tudo que lhe fosse oferecido. Até já sabia aplicar alguns golpes ingênuos de luta com as mãos.