AS RELIGIÕES DO MUNDO
Ao atingir a vida adulta, Jesus se separou da família, pois estava em andamento sua conscientização da condição humana/divina que constituía a sua natureza. Na falta de trabalho em Nazaré, foi para a cidade vizinha onde trabalhou por alguns meses em atividades metalúrgicas; trabalhou por um longo período na oficina de fabricação de barcos, pertencente à Zebedeu, à margem do lago Tiberíades. Desenvolveu inclusive um novo modo de fabricação, que tornava as embarcações mais seguras e velozes. Harmonizou as dimensões, o calado, comprimento e condições gerais de equilíbrio, mesmo sob tempestades, no mar agitado. Em algumas ocasiões viajou para cidades próximas, procurando conhecer os seres humanos, apreender seus hábitos, costumes. Para isso precisava entrar em contato com pessoas provenientes de todas as nações. Havia descoberto que não era apenas enviado para a Palestina, mas para toda a humanidade, inclusive para os habitantes inteligentes dos outros mundos do universo de sua criação. Quanto melhor conhecesse todos os povos, maior seria sua capacidade de ministrar o anúncio do Reino de Deus, seu Pai Celeste, residente no Paraíso, centro do Superuniverso.
Assim, quando recebeu um convite, feito por Gonod, um comerciante indiano, que viajava com seu filho Ganid, para atuar como intérprete do pai nos negócios e nas horas livres, ser o tutor do filho. Desejava que esse filho adquirisse o máximo de sabedoria para tornar-se um digno seguidor do pai. Ao conhecer Jesus, logo se deu conta tratar-se de um sábio, um filósofo, apto a ensinar tudo que desejava ao filho Ganid. Iriam viajar pelo mar Mediterrâneo, chegando até Roma e visitando as principais cidades e centros de cultura do mundo. Os centros de cultura, eram habitualmente também, centros de comércio, onde Gonod mantinha negócios desde longa data. Jesus não hesitou em aceitar. Sem despedir-se da família, empreendeu a viagem.
A única pessoa na Palestina a saber dessas suas andanças era Zebedeu, a quem confiou seus bens, determinando o uso para a manutenção da família. Também se correspondia esporadicamente com o mesmo. A maioria dos conhecidos supunham tivesse ido para Alexandria, passando lá por cerca de um ano e meio, estudando com os mestres e doutores da lei hebraica. Realmente esteve em Alexandria por alguns meses. Junto com Ganid, enquanto Gonod cuidava de seus negócios e também conhecia as maravilhas da cidade. Durante a estadia, Jesus e seu pupilo Ganid, pesquisaram os escritos de todas as religiões do mundo, existentes naquele tempo. A biblioteca vasta de Alexandria dispunha de cópias e traduções de todos eles. Ganid percebeu haver em todas elas um traço comum. A fé em um Deus único, criador do universo. Embora as denominações e as descrições mais detalhadas fossem distintas, havia um núcleo invariável, que remontava à mensagem levada pelos missionários de Maquiventa Melquisedeque, sacerdote de Salem. Era em verdade um ser celestial, da categoria dos melquisedec’s, encarnado, que viveu por cerca de 100 anos, tendo deixado uma mensagem de reavivamento da crença dos homens em um único Deus, o criador de tudo.
Durante a permanência de Jesus, Gonod e Ganid na Alexandria, o jovem gastou boa parte do seu tempo e uma alta soma do dinheiro do seu pai fazendo uma coleção dos ensinamentos das religiões do mundo, sobre Deus e as suas relações com o homem mortal. Ganid empregou mais do que sessenta tradutores fazendo um apanhado geral das doutrinas religiosas do mundo a respeito das Deidades. E aqui deve ficar claro que todos esses ensinamentos, retratando o monoteísmo, derivaram-se, direta ou indiretamente, sobretudo das pregações dos missionários de Maquiventa Melquisedeque, que saíam da sua sede em Salem para disseminar a doutrina de um Deus – o Altíssimo – até os confins da Terra.
Neste documento está apresentada uma síntese dos manuscritos de Ganid, que ele preparou em Alexandria e Roma; e que ficou guardado na Índia por centenas de anos depois da sua morte. Ele colecionou esse material sob dez títulos, como segue:
- O CINISMO
Os ensinamentos residuais dos discípulos de Melquisedeque, excetuando-se aqueles que perduraram na religião judaica, foram mais bem preservados nas doutrinas dos cínicos. A seleção feita por Ganid abrange o seguinte:
“Deus é supremo, ele é o Altíssimo dos Céus e da Terra. Deus é o círculo tornado perfeito da eternidade; ele governa o universo dos universos. Ele é o criador único dos céus e da Terra. Quando ele decreta alguma coisa, aquela coisa passa a ser. O Nosso Deus é um único Deus, e ele é compassivo e misericordioso. Tudo que é elevado, sagrado, verdadeiro e belo é semelhante ao nosso Deus. O Altíssimo é a luz do céu e da Terra. Ele é o Deus do este, do oeste, do norte e do sul.
“Ainda que a Terra desaparecesse, a face resplandecente do Supremo residiria na majestade e na glória. O Altíssimo é o primeiro e o último, o começo e o fim de tudo. Não há senão este Deus único e o seu nome é Verdade. Deus existe por si próprio, e ele é desprovido de qualquer ódio e inimizade; ele é imortal e infinito. O nosso Deus é onipotente e bondoso. Se bem que ele tenha muitas manifestações, nós adoramos apenas o próprio Deus. Deus a tudo conhece – os nossos segredos e as nossas proclamações; ele também sabe o que cada um de nós merece. O seu poder é o mesmo sobre todas as coisas.
“Deus é um provedor de paz e um protetor fiel de todos os que o temem e nele confiam. A salvação, ele a dá a todos que o servem. Toda a criação existe no poder do Altíssimo. O Seu amor divino brota da santidade do Seu poder e a afeição nasce do poder da Sua grandeza. O Altíssimo decretou a união do corpo e da alma e dotou o homem com o próprio espírito dele. O que o homem faz deve chegar a um fim, mas o que o Criador faz continua para sempre. Ganhamos o conhecimento da experiência do homem, mas extraímos a sabedoria da contemplação do Altíssimo.
“Deus derrama a chuva sobre a terra, ele faz o sol brilhar sobre o grão que germina e nos dá a colheita abundante das coisas boas dessa vida e a salvação eterna do mundo que está por vir. O nosso Deus goza de grande autoridade; o seu nome é Excelente, e a sua natureza é insondável. Quando vós estiverdes doentes, é o Altíssimo quem vos cura. Deus é pleno de bondade para com todos os homens; nenhum amigo é como o Altíssimo. A sua misericórdia preenche todos os espaços e sua bondade abraça todas as almas. O Altíssimo é imutável; e é ele que nos ajuda toda vez que se faz necessário. Para onde quer que vos volteis para orar, ali está a face do Altíssimo e o ouvido atento do vosso Deus. Vós podeis esconder-vos dos homens, mas não de Deus. Deus não está a uma grande distância de nós; ele é onipresente. Deus preenche todos os lugares e vive no coração do homem que teme o seu santo nome. A criação está no Criador, e o Criador na sua criação. Nós buscamos o Altíssimo e então nós o achamos no nosso coração. Ide perguntar a um amigo querido, e então o descobrireis dentro da vossa alma.
“O homem que conhece a Deus vê todos os homens como iguais; eles são os seus irmãos. Aqueles que são egoístas, aqueles que ignoram os seus irmãos na carne, apenas têm o cansaço como recompensa. Aqueles que amam os seus semelhantes e que têm o coração puro verão a Deus. Deus nunca se esquece da sinceridade. Ele guiará o honesto de coração para a verdade, pois Deus é a verdade.
“Nas vossas vidas repudiai o erro, superai o mal pelo amor da verdade viva. Em todas as vossas relações com os homens, fazei o bem em troca do mal. O Senhor Deus é pleno de misericórdia e de amor; ele perdoa. Amemos a Deus, pois ele nos amou primeiro. Por meio do amor de Deus e da sua misericórdia nós seremos salvos. Os homens pobres e os ricos são irmãos. Deus é o seu Pai. O mal que não quiserdes que seja feito a vós, não o façais aos outros.
“Em todas as circunstâncias chamai o seu nome e, na mesma medida que vós acreditardes no seu nome, a vossa prece será ouvida. Que grande honra é adorar o Altíssimo! Todos os mundos e os universos adoram o Altíssimo. E em todas as vossas preces, agradecei – elevais-vos para adorar. A prece da adoração evita o mal e proíbe o pecado. Louvemos o nome do Altíssimo a todo momento. O homem que toma abrigo no Altíssimo oculta os seus defeitos do universo. Quando vós vos apresentais diante de Deus com o coração puro, vós vos tornais os mais destemidos de toda a criação. O Altíssimo é como um pai e uma mãe cheios de amor; ele realmente nos ama, os seus filhos da Terra. O nosso Deus nos perdoará e guiará os nossos passos nos caminhos da salvação. Ele nos levará pela mão e nos conduzirá até ele. Deus salva àqueles que confiam nele; ele não obriga o homem a servir no seu nome.
“Se a fé no Altíssimo entrou no vosso coração, então permanecereis sem medo durante todos os dias da vossa vida. Não vos lamenteis por causa da prosperidade dos ímpios; não temais aqueles que tramam o mal; apartai a vossa alma do pecado e ponde toda a vossa confiança no Deus da Salvação. A alma fatigada do mortal errante encontra o descanso eterno nos braços do Altíssimo; o homem sábio tem fome do abraço divino; o filho da Terra almeja a segurança dos braços do Pai Universal. O homem nobre busca aquele estado elevado em que a alma do mortal se funde com o espírito do Supremo. Deus é justo: O fruto que plantarmos neste mundo e que não colhermos aqui, colheremos no próximo”.
Lendo atentamente este texto, nota-se que esse ramo da filosofia grega aceitava o monoteísmo, tal qual os judeus. Dessa forma fica descartada a ideia de que o único povo a crer em um Deus único era o povo hebreu. O único problema dos gregos era a sua mistura de vários deuses “menores”, um local identificado na superfície da Terra (Monte Olimpo), onde esses deuses residiam. Entre esses deuses existia uma boa dose de promiscuidade, fazendo réplica do comportamento humano. Já algumas características comportamentais dos mesmos, como a fúria, o ciúme, a ira, a oferenda de sacrifícios, além de outras eram de alguma maneira semelhantes aos atributos dados ao Deus Yavé dos hebreus.
- JUDAÍSMO
Os quenitas da Palestina mantiveram grande parte dos ensinamentos de Melquisedeque e dos registros dos mesmos, como foram preservados e modificados pelos judeus, Jesus e Ganid fizeram a seguinte seleção:
“No começo Deus criou os céus e a Terra e todas as coisas neles. E, pois, tudo o que ele criou era muito bom. O senhor é Deus; não há ninguém ao lado dele, nos céus acima nem sobre a Terra abaixo. E por isso vós amareis o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma e com toda a vossa força. A Terra estará cheia do conhecimento do Senhor à medida que as águas cobrem os mares. Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento mostra o trabalho das suas mãos. Os dias falam uns após outros; e a noite mostra o conhecimento, noite após noite. Não há discurso ou língua em que a voz dele não seja ouvida. O trabalho do Senhor é grande e, na sabedoria, ele fez todas as coisas; a grandeza do senhor é insondável. Ele sabe o número das estrelas; ele as chama a todas pelos seus nomes.
“O poder do Senhor é grande e a sua compreensão é infinita. Diz o Senhor: ‘Como os céus são mais altos do que a Terra, também os meus caminhos são mais altos do que os vossos; e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos’. Deus revela as coisas secretas e profundas porque a luz reside nele. O Senhor é misericordioso e pleno de graça; ele é paciente e abundante em bondade e verdade. O Senhor é bom e reto; aos mansos ele guiará ao julgamento. Provai e vede que o Senhor é bom! Abençoado é o homem que confia em Deus. Deus é a nossa força e o nosso refúgio, e uma ajuda muito presente nas dificuldades.
“A misericórdia do Senhor perdura, da eternidade, sobre todos aqueles que o temem; e a sua retidão estende-se aos filhos dos nossos filhos. O Senhor é pleno de graça e repleto de compaixão. O Senhor é bom para todos, e as suas ternas graças recaem sobre toda a sua criação; ele cura os corações alquebrados e medica as suas feridas. Onde me esconderia da presença de Deus? Para onde eu fugiria da presença divina? Aquele Altíssimo e Sublime que habita a eternidade, e cujo nome é Santo, diz: ‘Eu resido no local elevado e santo; e também resido naquele que tem um coração contrito e um espírito humilde’! Ninguém pode esconder-se do nosso Deus, pois ele preenche o céu e a Terra. Que os céus fiquem felizes e que a Terra se rejubile. Deixai todas as nações dizerem: O Senhor Reina! Dai graças a Deus, pois a sua misericórdia perdura para sempre.
“Os céus declaram a retidão de Deus, e todo o povo viu a sua glória. Foi Deus que nos fez a nós; e não nós próprios; somos o povo dele, as ovelhas do seu pasto. A sua misericórdia é eterna, e a sua verdade resiste a todas as gerações. O nosso Deus governa entre as nações. Que a Terra fique repleta da sua glória! Ó homens, louvai ao Senhor pela sua bondade e pelas suas dádivas maravilhosas aos filhos dos homens!
“Deus criou o homem um pouco aquém do divino e o coroou com amor e misericórdia. O senhor conhece o caminho da retidão, mas o caminho daquele que é mau perecerá. O temor ao Senhor é o começo da sabedoria; conhecer o Supremo é compreendê-lo. O Senhor Todo-Poderoso diz: ‘Caminhai comigo e sede perfeitos’. Não esqueçais de que o orgulho vem antes da destruição e que a arrogância de espírito vem antes da queda. Aquele que governa o seu próprio espírito é mais poderoso do que aquele que se apodera de uma cidade. Diz o Senhor Deus, o Santo: ‘Quando retornardes ao vosso repouso espiritual, sereis salvos. Na calma e na confiança estará a vossa força’. Aqueles que servem ao senhor renovarão a sua força; eles elevar-se-ão com asas como águias. Eles correrão e não ficarão cansados; eles caminharão e não esmorecerão. O senhor dar-vos-á o alívio para os vossos medos. Diz o senhor: ‘Não temais, pois estou convosco. Não desanimeis, pois eu sou o vosso Deus. Eu fortalecer-vos-ei, eu ajudar-vos-ei e, sim, eu apoiar-vos-ei com a mão direita da minha justiça’.
“Deus é o nosso Pai; o Senhor é o nosso redentor. Deus criou as hostes do universo, e ele as preserva a todas. A sua retidão assemelha-se às montanhas e o seu julgamento ao grande abismo. Ele nos faz beber do rio dos seus prazeres, e na sua luz nós veremos a luz. É bom agradecer ao Senhor e cantar louvores ao Altíssimo; demonstrar amor e bondade pela manhã e a devoção da fé toda noite. O Reino de Deus é eterno, e o seu domínio resiste a todas as gerações. O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Graças a ele eu repouso na grama verde; ele me conduz em águas tranquilas. Ele restaura a minha alma. E me conduz ao caminho da retidão. Sim, embora eu caminhe no vale das sombras da morte, eu não temerei a nenhum mal, pois Deus está comigo. Decerto a bondade e a misericórdia me acompanharão em todos os dias da minha vida, e eu habitarei para sempre na casa do Senhor.
“Yavé é o Deus da minha salvação; portanto colocarei a minha confiança no nome divino. De todo o meu coração eu confiarei no Senhor; eu não me apoiarei na minha própria compreensão. Em todos os meus caminhos eu o reconhecerei e ele dirigirá os meus passos. O Senhor é fiel; ele mantém a sua palavra para com aqueles que o servem; o justo viverá pela sua fé. Vós não fazeis o bem porque o pecado está junto à porta; os homens colhem o mal que plantam e o pecado que semeiam. Não vos lamurieis por causa dos que fazem o mal. Se vós aceitardes a iniquidade no vosso coração, o Senhor não vos escutará; se pecardes contra Deus, também errareis contra a vossa própria alma. Deus levará o trabalho de todos os homens a julgamento e junto às coisas mais secretas, sejam boas ou más. Assim como o homem pensa no seu coração, assim ele é.
“O Senhor está próximo de todos aqueles que o chamam com sinceridade e com verdade. O pranto pode durar uma noite, mas o júbilo vem pela manhã. Um coração feliz faz tanto bem quanto um medicamento. Deus não recusará nada de bom àqueles que caminham na retidão. Temei a Deus e respeitai os seus mandamentos, pois apenas esse é o dever do homem. Assim diz o Senhor criador dos céus e formador da Terra: ‘Um Deus justo e um salvador, não há outro Deus além de mim. Em todos os confins da Terra, voltai-vos para mim e sejais salvos. Se me procurardes, encontrar-me-eis contanto que me busqueis de todo o coração’. Os mansos herdarão a Terra e deleitar-se-ão na abundância da paz. Aquele que semear a iniquidade colherá a calamidade; aqueles que semearem ventos colherão tempestades.
“‘Vinde agora, pensemos juntos’, diz o Senhor: ‘Embora os vossos pecados sejam escarlates, eles ficarão brancos como a neve. Ainda que sejam vermelho-carmesins, eles ficarão claros como a lã’. Mas não há paz para os perversos; os vossos próprios pecados afastarão de vós as boas coisas. Deus é a saúde no meu rosto e a alegria na minha alma. O Deus eterno é a minha força. Ele é a nossa morada e os seus braços eternos nos sustentam. O Senhor está próximo daqueles que têm o coração alquebrado; ele salva a todos os que têm o espírito de criança. Muitas são as aflições do homem reto, mas o senhor o livra de todas elas. Entregai o vosso caminho ao Senhor – confiai nele – e ele vos levará até o fim. Aquele que reside no lugar secreto do Altíssimo habitará à sombra do Todo-Poderoso.
“Amai o próximo como a vós mesmos; não guardeis rancor de nenhum homem. Não façais a ninguém aquilo que abominais. Amai o vosso irmão, pois o Senhor disse: ‘Eu amarei os meus filhos livremente’. O caminho do justo é como uma luz resplandecente que brilha mais e mais, até o dia perfeito. Aqueles que são sábios resplandecerão com o brilho do firmamento e aqueles que conduzirem muitos para a justiça brilharão como as estrelas, para todo o sempre. Que o homem mau abandone o seu caminho de pecado e o homem injusto os seus pensamentos rebeldes. Diz o Senhor: ‘Que eles retornem para mim e eu terei misericórdia para com eles; e os perdoarei totalmente’.
“Diz o Senhor, criador do céu e da Terra: ‘Que os que amam a minha lei tenham uma grande paz. Os meus mandamentos são: Vós amar-me-eis de todo o coração; não tereis outros deuses diante de mim; não tomareis o meu nome em vão; vos lembrareis de manter santo o dia de sábado; honrareis vosso pai e vossa mãe; não matareis; não cometereis adultério; não roubareis; não dareis testemunho falso; não cobiçareis’.
“E a todos os que amam o Senhor supremamente e ao seu próximo como a si próprios, o Deus do céu diz: ‘Eu vos resgatarei do túmulo; eu vos redimirei da morte. Serei grato para com os vossos filhos, tanto quanto justo. Pois eu não disse das minhas criaturas na Terra, vós sois os filhos do Deus vivo? E eu não vos amei com um amor eterno? E não vos convoquei para vos tornardes semelhantes a mim e para residirdes para sempre comigo no Paraíso’”?
Por muitos anos me indaguei sobre a origem dos ensinamentos que Abraão trazia, quando migrou de Uhr, na Caldeia, para Canaã, onde Deus lhe prometera uma “terra onde corre leite e mel”; também lhe prometera uma descendência tão numerosa quanto as estrelas do firmamento. A pronta disposição em partir, sem conhecer seu real destino, as incertezas reservadas pelo futuro, a falta de filhos, mesmo em idade relativamente avançada, tudo tinha em contraposição uma fé inabalável na palavra de Deus. Depois de ler o Livro de Urantia, consigo entender de onde vem essa fé, esse compromisso com Deus. A comunicação direta com Deus, parece-nos um tanto inverossímil, uma vez que nos dias atuais e mesmo nos séculos passados, tais fatos não aconteceram mais. Será que aconteciam naquela época?
Os ensinamentos transmitidos ao povo judeu, foram aperfeiçoados, modificados e adaptados, porém foram eles que conservaram a maior parte dos ensinamentos de Melquisedeque. Abraão conviveu com o Sábio de Salem, também chamado Sumo Sacerdote do Altíssimo. Ele e seus discípulos usavam uma vestimenta que trazia no peito um desenho de círculos concêntricos. Estes círculos significavam a unidade do Universo, tendo no centro a Ilha do Paraíso, também chamada Havona, residência perpétua do Pai do Universo.
Maquiventa Melquisedeque veio reavivar a fé do homem em um Deus Único. O isolamento do planeta, junto com outros mundos habitados no Universo de Nébadon, devido à rebelião de Lúcifer, que teve como aliados Caligástia, Daligástia, Satã, além de inúmeros seres celestes, das diversas categorias angélicas e intermediários, levou a um gradual afastamento da fé. Com a falta cometida por Adão e Eva, esse problema foi agravado. Maquiventa surgiu adulto, como um “sacerdote” do Altíssimo e formou ao seu redor uma comunidade de pessoas crentes e piedosas. Entre eles formou grupos de missionários, aos quais enviou pelo resto do mundo a pregar a crença no Deus único, pleno de amor e misericórdia com seus filhos nos mundos habitados.
Naquele tempo, não existia condições de revelar todo o complexo sistema de mundos habitados, criados por Deus, através de seus Filhos Criadores. A mente humana não havia atingido a capacidade de abarcar tal grandeza. Isto levou os enviados do Senhor, como Abraão, Isaac, Jacó, José do Egito, Moisés e uma longa lista de profetas a ensinar o povo a temer ao Senhor Yavé. Os últimos profetas, de alguns séculos a.C, gradativamente iniciaram uma transição do Deus ciumento e pronto a punir, castigar com severidade, para um Pai, cheio de amor e compaixão. Entretanto os líderes judeus, controlavam a religião, transformando os mandamentos e estatutos recebidos de Moisés em um fardo insuportável de comportamentos obrigatórios, principalmente proibições. Grande parte desse fardo era formado por interpretações errôneas dos ensinamentos dos profetas. Muitos desses mesmos profetas foram perseguidos e mesmo mortos por apontarem aos sacerdotes e líderes em geral os erros que cometiam no conduzir a própria vida, bem como a do povo, menos esclarecido.
- BUDISMO
Ganid ficou chocado ao descobrir quão perto o budismo chegara de ser uma religião grande e bela, sem Deus, sem uma Deidade pessoal e universal. Contudo, ele encontrou algum registro de certas crenças anteriores, que refletiam algo da influência dos ensinamentos dos missionários de Melquisedeque, os quais continuaram seu trabalho na Índia, até os tempos de Buda. Jesus e Ganid coletaram os seguintes trechos da literatura budista:
“De um coração puro a alegria brotará para o infinito; todo o meu ser está em paz com esse júbilo supra mortal. A minha alma está cheia de contentamento, e o meu coração extravasa com bênçãos de confiança pacífica. Eu não tenho medo; estou liberto das ansiedades. Eu resido na segurança, e os meus inimigos não podem me alarmar. Estou satisfeito com os frutos da minha confiança. Achei como me aproximar do Imortal por meio de um acesso fácil. Oro para que a fé me sustente durante a longa jornada; sei que a fé do além não me falhará. Sei que os meus irmãos prosperarão se eles ficarem imbuídos da fé do Imortal, e mesmo da fé que gera a modéstia, a retidão, a sabedoria, a coragem, o conhecimento e a perseverança. Abandonemos a tristeza e rejeitemos o medo. Que nos mantenhamos, pela fé, na verdadeira justiça e na virilidade genuína. Aprendamos a meditar sobre a justiça e a misericórdia. A fé é a verdadeira riqueza do homem; é o dom da virtude e da glória.
“A injustiça é indigna; e o pecado é desprezível. O mal é degradante, seja ele forjado em pensamentos ou nos atos. A dor e a tristeza seguem o caminho do mal como o pó segue o vento. A felicidade e a paz da mente seguem o pensamento puro e a vida virtuosa, como a sombra segue a substância das coisas materiais. O mal é fruto do pensamento dirigido de um modo errado. É errado ver o pecado onde não há pecado; e não ver pecado onde está o pecado. O mal é o caminho das doutrinas falsas. Aqueles que evitam o mal, vendo as coisas como elas são, ganham o júbilo por abraçarem a verdade assim. Dai um fim à vossa miséria, abominando o pecado. Quando olhardes aquele que é Nobre, afastai-vos do pecado, com todo o vosso coração. Não façais apologia do mal; não crieis desculpas para o pecado. Pelos próprios esforços de emendar-vos dos pecados passados, vós adquiris a força para resistir à tendência futura para eles. A resistência ao mal vem do arrependimento. Não deixeis de confessar nenhuma das vossas faltas para com aquele que é Nobre.
“A alegria e o contentamento são as recompensas pelos feitos do bem e para a glória do Imortal. Nenhum homem pode roubar a liberdade da vossa própria mente. Quando a fé da vossa religião tiver emancipado o vosso coração, quando a mente, como uma montanha, estiver estabelecida e inamovível, então a paz da alma fluirá tranquilamente como um rio de água. Aqueles que estiverem certos da salvação estão para sempre livres da luxúria, da inveja, do ódio e das ilusões da riqueza. Embora a fé seja a energia para a vida melhor, contudo, deveis trabalhar para a vossa própria salvação, com perseverança. Se vós estiverdes certos da vossa salvação final, então certificai-vos de que buscais sinceramente cumprir toda a retidão e justiça. Cultivai a certeza do coração que nasce de dentro e que assim vem para desfrutar do êxtase da salvação eterna.
“Nenhum religioso pode esperar alcançar a iluminação da sabedoria imortal se persistir sendo preguiçoso, indolente, fraco, impudente e egoísta. Mas quem for prudente, previdente, reflexivo, fervoroso e sincero – até mesmo enquanto ainda viver na Terra – pode alcançar a iluminação suprema da paz e da liberdade da sabedoria divina. Lembrai-vos, cada ato terá a sua recompensa. O mal resulta em tristeza e o pecado termina em dor. O júbilo e a felicidade advêm de uma vida de bondade. Mesmo o pecador desfruta de uma temporada de graça, antes do total amadurecimento dos seus feitos no mal, mas inevitavelmente a colheita plena deve advir do mal. Que nenhum homem pense no mal com leveza, dizendo ao seu coração: ‘A punição do erro não virá para mim’. O que fizerdes será feito a vós, no julgamento da sabedoria. A injustiça feita aos vossos irmãos retornará para vós. A criatura não pode escapar do destino dos seus feitos.
“O tolo diz para o seu coração: ‘o mal não me tomará’. Mas a segurança é encontrada apenas quando a alma aceita a reprovação e a mente busca a sabedoria. O homem sábio é uma alma nobre que permanece amiga diante dos seus inimigos, tranquila em meio à turbulência e generosa entre os ambiciosos. O amor do ego é como as ervas daninhas em um campo do bem. O egoísmo leva à tristeza; a inquietude perpétua mata. A mente domesticada traz a felicidade. O maior dos guerreiros é o que vence e domina a si próprio. A contenção em todas as coisas é boa. Apenas aquele que estima a virtude e observa o seu dever é uma pessoa superior. Que a raiva e o ódio não sejam os vossos mestres. Não faleis duramente de ninguém. O contentamento é a maior riqueza. O que é dado sabiamente é bem poupado. Não façais aos outros as coisas que não quiserdes que sejam feitas a vós. Pagai com o bem pelo mal; vencei o mal com o bem.
“Uma alma reta é mais desejável do que a soberania de toda a Terra. A imortalidade é a meta da sinceridade; a morte, o fim de uma vida impensada. Aqueles que são honestos não morrem; os impensados já estão mortos. Abençoados são aqueles que têm o discernimento do estado imortal. Aqueles que torturam os vivos, dificilmente encontrarão a felicidade depois da morte. Os generosos vão para os céus, onde se rejubilam na bênção da liberalidade infinita e continuam a crescer na sua nobre generosidade. Todo mortal que pensa com justiça, que fala nobremente e age sem egoísmo, não apenas desfrutará da virtude aqui, durante esta breve vida, mas também, depois da dissolução do corpo, continuará a desfrutar das delícias do céu”.
É deveras admirável o nível de espiritualização do budismo, apesar de não dispor de um conceito de deidade. A doutrina deixada por Buda, chega muito perto de afirmar que havia um Deus, o criador do Universo com tudo que nele existe; este Deus tem um coração transbordante de amor, misericórdia, compaixão e bondade. O ponto alto desses sentimentos do Pai Universal, ficam demonstrados pela presença na mente de cada ser humano, a partir de sua primeira decisão moral (entre os cinco e seis anos de idade), de uma “fração” do espírito de Deus. Essa partícula é o próprio Deus, uma vez que ele é único e indivisível. Ela tem a função de servir como uma espécie de bússola para indicar ao ser humano o caminho a seguir. Todavia não tem o poder de impor essa orientação. Cabe ao homem/mulher residido sintonizar-se com seu “ajustador do pensamento” para encontrar o caminho que o levará à sobrevivência espiritual, onde progredirá até alcançar os braços do Pai no Paraíso. Enquanto Deus, eterno, único, imortal e indivisível, o Pai sente falta da experiência de evolução a partir de uma vida mortal na carne. Após o ingresso na vida após a morte física, chega um momento de aperfeiçoamento tal que a identificação entre a mente humana e o espírito divino alcança o ponto de fusionamento. O homem se torna parte de Deus e assim o Senhor Altíssimo, adquire, infinitos seres evolucionários para fazer parte de sua natureza complexa e praticamente incompreensível para as mentes limitadas de nós seres humanos.
- HINDUÍSMO
Os missionários de Melquisedeque levaram consigo, para onde viajaram, os ensinamentos de um único Deus. Grande parte dessa doutrina monoteísta, junto com outros conceitos anteriores, incorporou-se aos ensinamentos posteriores do hinduísmo. Jesus e Ganid selecionaram os seguintes excertos:
“Ele é o grande Deus, supremo em todos os sentidos. Ele é o Senhor que abrange todas as coisas. Ele é o criador e o controlador do universo dos universos. Deus é um só Deus; ele é único e existe por si próprio; ele é o único. E esse Deus único é o nosso Criador e o destino último da alma. O Supremo brilha mais do que se pode descrever; é a Luz das Luzes. Todo coração e todo mundo estão iluminados por essa luz divina. Deus é o nosso protetor – ele está ao lado das suas criaturas – e aqueles que aprendem a conhecê-lo tornam-se imortais. Deus é a grande fonte de energia; ele é a Grande Alma. Ele exerce a soberania universal sobre tudo. Este único Deus é cheio de amor, é glorioso e adorável. O nosso Deus é supremo em poder e reside na morada suprema. Essa verdadeira Pessoa é eterna e divina; ele é o Senhor primordial dos céus. Todos os profetas o têm louvado, e ele tem revelado a si próprio para nós. Nós o adoramos. Ó Pessoa Suprema, fonte dos seres, senhor da criação e governante do universo, revelai para nós, criaturas vossas, o poder pelo qual vós permaneceis imanente! Deus fez o sol e as estrelas; ele é luminoso, puro e auto existente. O seu conhecimento eterno é divinamente sábio. O Eterno é impenetrável ao mal. Por que o universo saiu de Deus, ele o governa apropriadamente. Ele é a causa da criação, e, pois, todas as coisas estão estabelecidas nele.
“Deus é o refúgio seguro de todo homem bom que necessita dele; o Único Imortal que cuida de toda a humanidade. A salvação de Deus é forte e a sua bondade é graciosa. Ele é um protetor amante, um defensor abençoado. Diz o Senhor: ‘Eu resido nas suas próprias almas como uma lâmpada de sabedoria. Eu sou o resplendor do esplêndido e a bondade do bom. Onde dois ou três reúnem-se, lá também eu estou’. A criatura não pode escapar da presença do Criador. O Senhor chega a contar as piscadelas dos olhos de todos os mortais; e nós adoramos esse Ser divino como o nosso companheiro inseparável. Ele prevalece acima de tudo, é magnânimo, onipresente e infinitamente bom. O Senhor é o nosso governante, o nosso abrigo e o controlador supremo e o seu espírito primordial reside na alma mortal. Testemunho Eterno do vício e da virtude, ele reside no coração do homem. Meditemos longamente sobre o Vivificador adorável e divino; que o seu espírito dirija totalmente os nossos pensamentos. Deste mundo irreal conduze-nos ao real! Da escuridão conduze-nos à luz! Da morte guia-nos à imortalidade!
“Com os nossos corações purgados de todo ódio, adoremos o Eterno. O nosso Deus é o Senhor da prece; ele escuta o choro dos seus filhos. Que todos os homens submetam as suas vontades a ele, o Resoluto. Deliciemo-nos na liberalidade do Senhor da prece. Fazei da prece o vosso amigo interior e adorai o suporte da vossa alma. ‘Se apenas me adorardes com amor’, diz o Eterno, ‘eu dar-vos-ei a sabedoria para alcançar-me, pois adorar-me é a virtude comum a todas as criaturas’. Deus é o iluminador dos melancólicos e a força daqueles que estão abatidos. Se Deus é o nosso amigo forte, não mais temos medo. Louvamos o nome do Conquistador nunca conquistado. Nós o adoramos, porque ele é o apoio fiel e eterno do homem. Deus é o nosso líder seguro e guia infalível. Ele é o grande Pai do céu e da Terra, que possui energia ilimitada e sabedoria infinita. O seu esplendor é sublime e a sua beleza divina. Ele é o refúgio supremo do universo e o guardião imutável da lei eterna. O nosso Deus é o Senhor da vida e o Confortador de todos os homens; ele ama a humanidade e ajuda àqueles que estão aflitos. Ele nos deu a vida e é o Bom Pastor dos rebanhos humanos. Deus é o nosso pai, irmão e amigo. E nós ansiamos por conhecer esse Deus no nosso ser interno.
“Nós aprendemos a ganhar a fé pelo desejo dos nossos corações. Nós alcançamos a sabedoria pela reclusão dos nossos sentidos, e com a sabedoria nós experimentamos a paz no Supremo. Aquele que está cheio de fé adora verdadeiramente quando, no seu eu interior, tem o intento de Deus. O nosso Deus usa os céus como um manto; ele também reside nos outros seis universos em grande expansão. Ele é supremo acima de tudo e em tudo. Nós suplicamos o perdão do Senhor por todos nossos abusos contra os nossos semelhantes e nós perdoamos ao nosso amigo pelo erro que ele cometeu contra nós. O nosso espírito abomina todo o mal. Portanto, ó Senhor, libertai-nos de toda mancha de pecado. Oramos a Deus como o confortador, protetor e salvador – como aquele que nos ama.
“O espírito do Sustentador do Universo entra na alma da criatura simples. Sábio é aquele homem que adora o único Deus. Aqueles que se esforçam pela perfeição devem de fato conhecer o Senhor Supremo. Aquele que conhece a segurança abençoada do Supremo nunca teme, pois, o Supremo diz àqueles que o servem: ‘Não temais, pois eu estou convosco’. O Deus da providência é o nosso Pai. Deus é verdade. E o desejo de Deus é que as suas criaturas devam compreendê-lo – que cheguem a conhecer plenamente a verdade. A verdade é eterna; ela sustenta o universo. O nosso desejo supremo será a união com o Supremo. O Grande Controlador é o gerador de todas as coisas – tudo evolui dele. E esse é todo o dever: Que nenhum homem faça a outro o que seria repugnante para ele próprio; não alimenteis nenhuma malícia, não batais naquele que bater em vós, vencei a raiva com a misericórdia, e triunfai sobre o ódio pela benevolência. E tudo isso devemos fazer porque Deus é uma espécie de amigo, um pai cheio de graças, que redime todas as nossas ofensas terrenas.
“Deus é o nosso Pai, a Terra é a nossa mãe; e o universo o nosso local de nascimento. Sem Deus a alma é uma prisioneira; conhecer a Deus liberta a alma. Pela meditação em Deus, pela união com ele, vem a libertação das ilusões do mal e a salvação última das prisões materiais. Quando o homem puder enrolar o espaço como um pedaço de couro, então virá o fim do mal porque ele terá encontrado Deus. Ó Deus, salvai-nos da tríplice ruína do inferno – o desejo, a ira e a avareza! Ó alma, reforça-te para a luta espiritual da imortalidade! Quando o fim da vida mortal vier, não hesites em abandonar esse corpo por uma forma mais própria e mais bela e para despertar-te nos reinos do Supremo e Imortal, onde não há nenhum medo, tristeza, fome, sede ou morte. Conhecer a Deus é cortar as cordas da morte. A alma que conhece a Deus eleva-se no universo, como o creme paira sobre o leite. Nós adoramos a Deus, o artesão de tudo, a Grande Alma que está sempre assentada no coração das suas criaturas. E aquele que sabe que Deus está entronizado no coração do homem está destinado a tornar-se como ele – imortal. O mal deve ser deixado para trás neste mundo, mas a virtude segue com a alma para o céu.
“Apenas os perversos dizem: o universo não tem nem verdade nem governante; ele foi feito para os nossos prazeres. Essas almas são enganadas pela pequenez dos seus intelectos. Assim abandonam-se ao gozo da sua luxúria e privam as próprias almas do júbilo da virtude e dos prazeres da retidão. O que pode ser maior do que experimentar a salvação do pecado? O homem que tiver visto o Supremo é imortal. Os bens da carne não podem sobreviver à morte; só a virtude caminha ao lado do homem enquanto ele viaja sempre adiante, na direção dos campos cheios de alegria e sol do Paraíso”.
Quando lemos alguns livros, especialmente literatura moderna, envolvendo aspectos das crenças hinduístas, temos a impressão de que eles estão infinitamente distantes do nosso cristianismo, islamismo e judaísmo. Jesus e Ganid identificaram traços dos ensinamentos de Maquiventa Melquisedeque, indicando a crença em um Deus único, entre os hindus daquele tempo. Evidentemente houve muitas mudanças e evoluções até os dias de hoje, porém, se tomarmos os escritos mais antigos e os lermos, certamente iremos detectar os mesmos traços que eles encontraram durante suas pesquisas na biblioteca de Alexandria.
Teria sido muito mais efetiva a pregação da doutrina do Evangelho, se os novos pregadores tivessem se disposto a estudar primeiramente o teor das crenças do povo hindu. Partindo daí, poderiam usar esses pontos positivos, realizando uma espécie de “upgrade”, como dizemos hoje ao atualizar nossos programas de computador. Com toda certeza o povo aceitaria muito mais facilmente o Evangelho. O problema foi quererem simplesmente substituir a crença do povo, por uma nova crença. Afinal, havia em suas doutrinas sinais claros de que eles não estavam completamente errados. Bastaria ter estabelecido a conexão entre o antigo e o novo.
- ZOROASTRISMO
Zoroastro esteve, ele próprio, em contato direto com os descendentes dos primeiros missionários da missão Melquisedeque, e a sua doutrina do Deus único tornou-se um ensinamento central na religião que ele fundou na Pérsia. À parte o judaísmo, nenhuma religião daquela época continha um teor tão alto dos ensinamentos de Salem. Dos registros dessa religião Ganid retirou as seguintes citações:
“Todas as coisas vêm do Deus Único e pertencem a ele – onisciente, bom, justo, santo, resplandecente e glorioso. Esse nosso Deus é a fonte de toda a luminosidade. Ele é o Criador, o Deus de todos os propósitos, e o protetor da justiça do universo. O curso sábio da vida é agir em consonância com o Espírito da Verdade. Deus a tudo vê, e ele percebe tanto os feitos errados dos maus quanto as boas obras dos justos; o nosso Deus observa todas as coisas com um olho reluzente. O seu toque é o toque da cura. O Senhor é o benfeitor Todo-Poderoso. Deus estende a sua mão benéfica tanto para o justo quanto para o perverso. Deus estabeleceu o mundo e ordenou as recompensas para o bem e para o mal. O Deus onisciente prometeu imortalidade às almas pias, que pensam com pureza e agem com justiça. E como desejardes supremamente, assim será. A luz do sol é como a sabedoria para aqueles que discernem Deus no universo.
“Louvai a Deus procurando o prazer do Único Sábio. Adorai o Deus da luz trilhando alegremente os caminhos ordenados pela sua religião revelada. Não há senão um Deus Supremo, o Senhor das Luzes. Nós adoramos aquele que fez as águas, as plantas, os animais, a Terra e os céus. O nosso Deus é o Senhor, o mais beneficente. Nós adoramos o mais formoso, o generoso Imortal, dotado com a luz eterna. Deus está muito distante de nós e ao mesmo tempo ele está bem perto de nós, pois reside dentro das nossas almas. O nosso Deus é o espírito mais divino e mais santo do Paraíso, e ainda mais amigo do homem do que a mais amiga de todas as criaturas. Deus é de uma grande ajuda para nós, na maior de todas as tarefas: o conhecimento dele próprio. Deus é o nosso mais adorável e justo amigo; ele é a nossa sabedoria, a vida e o vigor da alma e do corpo. Através dos nossos bons pensamentos o sábio Criador capacitar-nos-á a cumprir a sua vontade, alcançando assim a realização de tudo que é divinamente perfeito.
“Senhor, ensinai-nos como viver esta vida na carne enquanto nos preparamos para a próxima vida do espírito. Falai-nos, Senhor, e faremos o que nos mandardes. Ensinai-nos os bons caminhos, e nos conduziremos pelo bom caminho. Concedei-nos alcançar a união convosco. Sabemos que a religião que leva à união com a retidão está certa. Deus é a nossa natureza sábia, o melhor pensamento e o ato justo. Possa Deus conceder-nos a união com o espírito divino e a imortalidade nele próprio!
“Esta religião do Único Sábio purifica o crente de todo mau pensamento e dos feitos pecaminosos. Curvo-me diante do Deus do céu em arrependimento, caso eu vos tenha ofendido em pensamentos, palavras ou atos – intencionalmente ou não –, e eu ofereço orações em agradecimento e a louvação pelo perdão. Sei que quando eu me confesso, se me propuser a não cometer de novo o pecado, ele será removido da minha alma. Sei que o perdão remove os laços do pecado. Aqueles que fazem o mal receberão a punição, mas aqueles que se conduzirem segundo a verdade desfrutarão da bênção de uma salvação eterna. Toma-nos por intermédio da graça e ministra o poder salvador às nossas almas. Nós clamamos por misericórdia, porque aspiramos alcançar a perfeição; nós poderíamos ser como Deus”.
Zoroastro esteve pessoalmente em contato com os missionários enviados por Melquisedeque. Isto lhe deu conhecimento mais profundo da doutrina do Deus único. Provavelmente ele realizou alguns ajustes para tornar essa doutrina aceitável aos povos aos quais pregava. Novamente teremos uma religião, que difere bastante do judaísmo e mais ainda do cristianismo, porém, em seu cerne apresenta a mesma fé no Deus criador do universo. O Deus presente nas mentes dos seres humanos, buscando guiar seus passos no caminho da eternidade.
- SUDUANISMO (JAINISMO)
O terceiro grupo de crentes religiosos que preservaram a doutrina de um Único Deus na Índia – a sobrevivência dos ensinamentos de Melquisedeque – era conhecido naqueles dias como os suduanistas. Mais recentemente esses crentes ficaram conhecidos como seguidores do jainismo. Eles ensinaram:
“O Deus do Céu é supremo. Aqueles que cometem pecados não ascenderão ao alto, mas aqueles que caminharem nas trilhas da justiça encontrarão um lugar no céu. A vida posterior nos é assegurada se conhecermos a verdade. A alma do homem pode ascender ao céu mais elevado, para lá desenvolver a sua verdadeira natureza espiritual, até alcançar a perfeição. O estado celeste libera o homem das cadeias do pecado e o introduz às beatitudes últimas; o homem justo já experimentou um fim dos pecados e de todas as misérias a ele ligadas. O ego é o inimigo invencível do homem, e manifesta-se como as quatro maiores paixões do homem: a raiva, o orgulho, o engano e a cobiça. A maior vitória do homem é a conquista de si próprio. Quando o homem se volta a Deus pelo perdão e quando ele ousa desfrutar dessa liberdade, por meio disso ele se libera do medo. O homem deveria passar pela vida tratando as criaturas semelhantes suas como ele gostaria de ser tratado”.
É notável que no oriente, principalmente na Índia, ocorreu uma preservação mais constante dos ensinamentos de Melquisedeque, embora com menor grau de fidelidade. Mesmo assim, pode-se observar que os povos daquela região foram capazes de evoluir religiosamente com grande força, na busca de Deus. É de supor que, com algum auxílio, teriam possibilidade de aproximar-se muito do conhecimento do Pai Universal, talvez até a identificar o Deus Criador.
- XINTOÍSMO
Havia pouco tempo que os manuscritos dessa religião do Oriente distante tinham chegado à biblioteca de Alexandria. Era a única religião do mundo de que Ganid nunca tinha ouvido falar. Essa crença também continha remanescentes dos primeiros ensinamentos de Melquisedeque, como nos é mostrado no seguinte resumo:
“Diz o senhor: ‘Vós todos sois recipientes do meu poder divino; todos os homens desfrutam da minha ministração de misericórdia. Eu tenho um grande prazer na multiplicação dos homens justos pelas terras. Tanto nas belezas da natureza quanto nas virtudes dos homens, o Príncipe dos Céus busca revelar a si próprio e mostrar a sua natureza reta. Já que os povos antigos não sabiam o meu nome, eu me manifestei nascendo no mundo como uma existência visível e me submeti a uma tal humilhação para que os homens não esquecessem o meu nome. Eu sou aquele que fez o céu e a Terra; o sol e a lua e todas as estrelas obedecem à minha vontade. Eu sou o governante de todas as criaturas nas terras e nos quatro mares. Embora eu seja grande e supremo, eu ainda tenho consideração pela prece do homem mais humilde. Se qualquer criatura me adorar, eu ouvirei a sua prece e concederei o desejo do seu coração’.
“‘Toda vez que o homem dá lugar à ansiedade, ele fica um passo mais longe de deixar o espírito governar o seu coração’. O orgulho esconde Deus. Se vós quiserdes obter a ajuda celeste, ponde o orgulho de lado; cada traço de orgulho intercepta a luz salvadora, como se fosse uma grande nuvem. Se vós não tendes a retidão dentro de vós, inútil é orar àquele que está do lado de fora. ‘Se escuto vossas preces, é porque vindes a mim com um coração limpo, livre de falsidade e de hipocrisia, com uma alma que reflete a verdade como um espelho. Se quiserdes ganhar a imortalidade, abandonai o mundo e vinde a mim’ ”.
- TAOÍSMO
Os mensageiros de Melquisedeque penetraram bem a fundo na China, e a doutrina de um único Deus tornou-se uma parte dos primeiros ensinamentos de várias religiões chinesas; a que perdurou por mais tempo e que continha a maior parte da verdade monoteísta foi o taoísmo, e Ganid reuniu o seguinte, dos ensinamentos do seu fundador:
“Quão puro e tranquilo é o Único Supremo e ainda quão forte e poderoso, profundo e insondável! Esse Deus do céu é o honrado ancestral de todas as coisas. Se vós conheceis o Eterno, sois esclarecidos e sábios. Se vós não conheceis o Eterno, então a ignorância manifesta-se em vós como um mal, e assim as paixões do pecado surgem. Esse Ser maravilhoso existia antes que existissem os céus e a Terra. Ele é verdadeiramente espiritual; ele é único e não muda. Ele de fato é a mãe do mundo e toda a criação move-se em torno dele. Esse Grande Ser distribui-se aos homens e assim capacita-os a elevarem-se e a sobreviverem. Mesmo se alguém não tem senão poucos conhecimentos, ainda assim pode andar nos caminhos do Supremo; pode conformar-se à vontade do céu.
“Todas as boas obras do verdadeiro serviço vêm do Supremo. Todas as coisas dependem da Grande Fonte para viver. O Grande Supremo não exige nada para a dádiva da sua outorga. Ele é supremo em poder, e ainda assim ele permanece escondido dos nossos olhares. Ele transmuta incessantemente os seus atributos ao aperfeiçoar as suas criaturas. A Razão celeste é lenta e paciente nos seus desígnios, mas é certa da sua realização. O Supremo abrange todo o universo e o sustenta por inteiro. Quão grande e poderosa é a sua influência transbordante e o seu poder de atração! A verdadeira bondade é como a água, pois abençoa a tudo e não fere a ninguém. E, como a água, a verdadeira bondade procura os lugares mais baixos, e mesmo aqueles níveis que os outros evitam e isso porque ela é semelhante ao Supremo. O Supremo cria todas as coisas, nutrindo-as na natureza e perfeccionando-as no espírito. E é um mistério como o Supremo sustenta, protege e perfecciona a criatura sem obrigá-la. Ele guia e dirige, mas sem imposições. Ele ministra a progressão, mas sem dominação.
“O homem sábio universaliza o seu coração. Um conhecimento pequeno é uma coisa perigosa. Aqueles que aspiram à grandeza devem aprender a humilhar a si próprios. Na criação, o Supremo tornou-se a mãe do mundo. Conhecer a própria mãe é reconhecer a própria filiação. Aquele que considera todas as partes do ponto de vista do todo é um homem sábio. Relacionai-vos com todo homem como se vós estivésseis no lugar dele. Recompensai a injúria com a bondade. Se amardes as pessoas, elas aproximar-se-ão de vós – e vós não tereis nenhuma dificuldade em ganhá-las.
“O Grande Supremo a tudo penetra; ele está na mão esquerda e na direita; ele sustenta toda a criação e reside em todos os seres verdadeiros. Vós não podeis achar o Supremo, nem podeis ir a um lugar onde ele não esteja. Se um homem reconhece o mal das suas ações e arrepende-se de coração do pecado, então ele pode buscar o perdão, pode escapar da punição e pode transformar a calamidade em uma bênção. O Supremo é o refúgio seguro para toda a criação; ele é o guardião e o salvador da humanidade. Caso o buscais diariamente, vós o encontrareis. Já que ele pode perdoar os pecados, ele é de fato muito precioso para todos os homens. Lembrai-vos sempre de que Deus não recompensa o homem pelo que ele faz, mas pelo que ele é; portanto, deveríeis estender a vossa ajuda aos vossos semelhantes sem pensar em recompensa. Fazei o bem sem pensar em benefícios para os vossos egos.
“Aqueles que conhecem as leis do Eterno são sábios. A ignorância da lei divina é a miséria e o desastre. Aqueles que conhecem as leis de Deus têm a mente liberal. Se conhecerdes o Eterno, ainda que o vosso corpo pereça, a vossa alma sobreviverá no serviço do espírito. Vós sereis verdadeiramente sábios se reconhecerdes a vossa insignificância. Se habitardes na luz do Eterno, desfrutareis do esclarecimento do Supremo. Aqueles que dedicam o próprio ser ao serviço do Supremo rejubilam-se nessa busca do Eterno. Quando um homem morre, o espírito começa a fazer o seu longo voo de viagem para o grande lar”.
- CONFUCIONISMO
Até mesmo a religião que menos reconhecia a Deus, dentre as grandes religiões do mundo, aceitou o monoteísmo dos missionários de Melquisedec’s e dos seus sucessores persistentes. O sumário que Ganid fez do confucionismo foi:
“O que o Céu aponta não contém erro. A verdade é real e divina. Tudo se origina no Céu, e o Grande Céu não comete erros. O Céu destacou muitos subordinados para ajudarem na instrução e na elevação das criaturas inferiores. Grande, bastante grande mesmo, é o Único Deus que governa o homem do alto. Deus é majestático em poder e temível no seu juízo. Mas esse Grande Deus conferiu um senso de moral até mesmo a muita gente inferior. A abundância do Céu nunca cessa. A benevolência é o dom mais precioso do Céu para os homens. O Céu conferiu a sua nobreza à alma do homem; as virtudes do homem são fruto desse dom da nobreza do Céu. O Grande Céu a tudo discerne e vai com o homem em todas as suas ações. E fazemos bem quando chamamos o Grande Céu de nosso Pai e de nossa Mãe. Se somos servos assim dos nossos ancestrais divinos, então podemos fazer uma prece confiante ao Céu. Em todos os tempos e para todas as coisas devemos temer a majestade do Céu. Reconhecemos, Ó Deus, Potentado Mais Alto e soberano, que o julgamento é vosso, e que toda a misericórdia vem do coração divino.
“Deus está conosco; e por isso não temos medo nos nossos corações. Se alguma virtude há em mim, é a manifestação do Céu que reside em mim. Mas esse Céu dentro de mim muitas vezes exige muito duramente da minha fé. Se Deus está comigo, eu determinei não ter nenhuma dúvida no meu coração. A fé deve estar muito perto da verdade das coisas, e eu não sei como um homem pode viver sem essa boa-fé. O bem e o mal não acontecem aos homens sem uma causa. O Céu lida com a alma do homem de acordo com o seu propósito. Quando vós vos achardes no mal, não hesiteis em confessar o vosso erro e em serdes rápidos em emendar-vos.
“Um homem sábio ocupa-se com a busca da verdade, não busca viver meramente. Alcançar a perfeição do Céu é a meta do homem. O homem superior é dado ao auto ajustamento, e está livre das ansiedades e do medo. Deus está convosco; não tenhais dúvidas no vosso coração. Toda a boa ação tem a sua recompensa. O homem superior não murmura contra o Céu, nem guarda rancor contra os homens. Aquilo que vós não gostais que seja feito a vós, não façais aos outros. Que a compaixão seja parte de toda punição; de todo modo tentai fazer da punição uma bênção. Esse é o caminho do Grande Céu. Enquanto todas as criaturas devem morrer e voltar à terra, o espírito do homem nobre avança para ser exposto no alto e para ascender à luz gloriosa do resplendor final”.
Entre os escritos que Ganid pesquisou, a imensa maioria eram provenientes do oriente. Mais recentemente, com a colonização do continente americano pelos europeus, encontrou-se entre os habitantes originais destas terras, vestígios de crença no Deus único. Na América do Norte, muitas tribos tinham Manitu, como seu Deus principal. Tinham especial cuidado com a preservação dos recursos naturais, de onde provinha seu sustento com a caça, pesca e alguma agricultura. Na América do Sul, era Tupã o nome dado ao Deus que criou a Terra e nela colocou o homem para dominar sobre tudo, porém, respeitando a natureza. Em outras partes havia outros Deuses, como entre os Incas, Maias, Astecas. Com certeza esses povos tiveram alguma informação, vinda dos primórdios da existência da espécie humana, junto com a primeira revelação divina.
- “A NOSSA RELIGIÃO”
Depois da árdua tarefa de efetuar essa compilação dos ensinamentos das religiões do mundo a respeito do Pai do Paraíso, Ganid estabeleceu para si próprio a tarefa de formular o que ele considerava ser um sumário da crença à qual ele tinha chegado, considerando Deus como um resultado do ensinamento de Jesus. Esse jovem tinha o hábito de referir-se a essas crenças como “a nossa religião”. Esta foi a sua exposição:
“O Senhor nosso Deus é um Senhor único, e vós deveríeis amá-lo com toda a vossa mente e coração, fazendo o melhor para amardes a todos os seus filhos como vós amais a vós próprios. Esse Deus é o nosso Pai Celeste, em quem todas as coisas consistem e que reside, por intermédio do seu espírito, em todas as almas humanas sinceras. E nós, que somos os filhos de Deus, deveríamos aprender a entregar a Ele a guarda das nossas almas, como Criador fiel que é. Para o nosso Pai Celeste todas as coisas são possíveis. Já que ele é o Criador, tendo feito todas as coisas e todos os seres, não poderia ser de outra forma. Embora não possamos ver a Deus, podemos conhecê-lo. E vivendo cotidianamente segundo a vontade do Pai no céu, nós podemos revelá-lo para os nossos companheiros.
“As riquezas divinas do caráter de Deus devem ser infinitamente profundas e eternamente sábias. Nós não podemos procurar a Deus pelo conhecimento, mas podemos conhecê-lo nos nossos corações pela experiência pessoal. Ainda que não possamos compreender a sua justiça, a sua misericórdia pode ser recebida pelo ser mais humilde na Terra. Se bem que o Pai preencha o universo, Ele também vive nos nossos corações. A mente do homem é humana, e mortal, mas o espírito do homem é divino, imortal. Deus não é apenas Todo Poderoso, mas também onisciente. Se os nossos pais, cujas tendências naturais podem ser más, sabem como amar os seus filhos e conferir boas dádivas a eles, então muito mais o Pai de bondade no céu deverá saber como amar sabiamente os seus filhos na Terra e conferir bênçãos apropriadas a eles.
“O Pai nos céus não deixará que um único filho na Terra pereça, se este filho tiver o desejo de encontrar o Pai e se verdadeiramente quiser ser como ele. O nosso Pai ama até mesmo aos maus e é sempre bom e grato para com os ingratos. Se mais seres humanos pudessem apenas saber sobre a bondade de Deus, eles seriam levados a arrependerem-se dos seus atos maus e a abandonarem todos os pecados conhecidos. Todas as coisas boas vêm do Pai da luz, em quem não há variabilidade nem sombra de inconstância. O espírito do verdadeiro Deus está no coração do homem. Ele faz com que todos os homens sejam irmãos. Quando os homens começam a sentir-se buscando a Deus, isso é uma evidência de que Deus os encontrou e de que eles estão à procura de conhecimentos sobre ele. Vivemos em Deus e Deus nos reside.
“Eu não mais me sentirei satisfeito de acreditar que Deus é o Pai de todo o meu povo; doravante eu acreditarei que ele é também o meu Pai. Eu sempre tentarei adorar a Deus com a ajuda do Espírito da Verdade, que é a minha ajuda quando eu tiver me transformado realmente em um ser conhecedor de Deus. Mas antes de tudo eu vou praticar a adoração a Deus aprendendo como cumprir a vontade de Deus na Terra, isto é, farei o melhor de mim para tratar a cada um dos meus semelhantes mortais exatamente como eu acho que Deus gostaria que eles fossem tratados. E quando vivemos essa espécie de vida na carne, podemos pedir muitas coisas a Deus, e ele nos concederá o desejo dos nossos corações para que estejamos mais bem preparados para servir aos nossos irmãos. E todo esse serviço de amor dos filhos de Deus amplia a nossa capacidade de receber e de experimentar as alegrias do céu, o prazer elevado da ministração do espírito do céu.
“Eu agradecerei todos os dias a Deus pelas suas dádivas inexprimíveis; eu o louvarei pelos seus trabalhos maravilhosos para os filhos dos homens. Para mim ele é o Todo-Poderoso, o Criador, o Poder e a Misericórdia, mas, melhor do que tudo, ele é o Pai espiritual e como seu filho terreno eu avançarei sempre para vê-lo. E o meu tutor me disse que ao procurá-Lo eu me tornarei como Ele. Pela fé em Deus, eu alcancei a paz com ele. Essa nossa nova religião é bastante cheia de júbilo e gera uma felicidade perene. Estou confiante de que serei fiel até a morte e de que eu certamente receberei a coroa da vida eterna.
“Estou aprendendo a colocar todas as coisas à prova e a aderir àquilo que é bom. Farei ao meu semelhante aquilo que eu gostaria que fosse feito a mim. Por meio dessa nova fé eu sei que o homem pode tornar-se o filho de Deus, mas algumas vezes eu me aterrorizo ao pensar que todos os homens são meus irmãos, mas deve ser verdade. Não vejo como posso me rejubilar com a paternidade de Deus enquanto eu recusar a aceitar a irmandade dos homens. Todo aquele que chamar pelo nome do Senhor será salvo. Se isso é verdadeiro, então todos os homens devem ser meus irmãos.
“Doravante, eu farei as minhas ações para o bem em silêncio; e também orarei mais, quando estiver a sós. Eu não julgarei para que não seja injusto para com os meus irmãos. Aprenderei a amar os meus inimigos; não tenho ainda essa prática sob a mestria de um controle verdadeiro, a prática de ser como Deus. Embora eu veja Deus nessas outras religiões, encontro Deus na ‘nossa religião’ como sendo mais belo, mais cheio de amor, mais misericordioso, mais pessoal e positivo. Mas mais do que tudo, esse grande e Glorioso Ser é o meu Pai espiritual; eu sou o seu filho. E de nenhum outro modo, a não ser pelo meu desejo honesto de ser como ele, eu irei finalmente encontrá-lo e eternamente servir a ele. Pois afinal tenho uma religião com um Deus, um Deus maravilhoso, e um Deus de salvação eterna”.
Ganid usou a expressão “A Nossa Religião”, tendo reunido os fragmentos de todas as suas pesquisas, amalgamando-as com os ensinamentos que absorveu de sua convivência durante um ano e meio tendo Jesus de Nazaré como seu tutor. Foram inúmeras palestras, exemplos e perguntas respondidas durante esse período. Isso levou-o a seguir um caminho edificante ao retornar para a Índia, com seu pai Gonod. Porém, quando os pregadores do cristianismo nascente chegaram naquela região, não foi capaz de reconhecer no evangelho de Jesus que ouviu, as palavras do seu tutor. Embora não tenha sido grande o empenho em evangelizar o oriente, mesmo assim muitos aceitaram a fé da boa nova, levada pelos seguidores de Jesus.
Curitiba, 01 de outubro de 2017
Decio Adams, IWA
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