Experiência paterna/materna.
Algumas considerações sobre o Livro de Urantia.
Na leitura que estou fazendo dos documentos intitulados O Livro de Urantia, existe a descrição da nossa vida após a morte física material. Nos separaremos para sempre do corpo que nos serve de morada terrena e no devido tempo seremos acordados, no chamado Mundo das Mansões, para iniciar a primeira de sete fases de uma vida chamada moroncial. Estaremos em um corpo, semelhante ao atual, porém feito de matéria especial e que nos acompanhará em todas as fases. Não mais passaremos pela experiência da morte, ao concluirmos uma das etapas. Adormeceremos e acordaremos na nova esfera, para continuar a evolução. A cada nova fase deixaremos para trás um pouco da nossa natureza material (física) para adquirirmos outra, mais espiritual, sempre acompanhados por uma partícula divina, denominada Ajustador do Pensamento. Ao final do processo nossa mente material irá se fundir com esse ajustador, formando finalmente a nossa alma, puramente espiritual. Não é possível passar, em um único passo, de uma mente humana material, para uma alma espiritual. É necessário haver a transformação e esta ocorre de modo gradual.
O que me chamou atenção especial é a condição, sine qua non, da experiência paterna/materna em nossa vida terrena. Ninguém é admitido na vida evolucionária, na direção do Paraíso, sem trazer consigo a experiência de ter sido pai ou mãe. Isso colocaria muita gente em situação de xeque-mate. Por mais evoluídos que tenham chegado ao final da vida na matéria, seriam impedidos de continuar a evoluir, mesmo tendo recebido o Ajustador do Pensamento, se harmonizado com ele. A misericórdia infinita do Pai Universal, através de seus inumeráveis filhos e seres celestiais auxiliares, deseja que todos seus filhos materiais percorram o longo caminho e o encontrem para o abraço no Paraíso.
Há também o caso das crianças que morrem logo após o nascimento, durante o processo e nos primeiros dias ou meses de vida. O Ajustador do Pensamento, chega e se instala na mente humana, por volta dos 5/6 anos de idade, quando é tomada a primeira decisão volitiva moral do indivíduo. O que fará com que estes meninos e meninas cheguem ao mundo moroncial sem o ajustador. Aí entra em ação a Misericórdia do Pai. Os seus auxiliares criaram uma espécie de “creche”, onde estes seres irão receber a educação e cuidados até o dia em que possam tomar, por sua livre vontade, a decisão de aceitar a vida evolutiva. Então receberão o Ajustador do Pensamento e começarão a evolução.
E o que tem o ser pai ou mãe a ver com isso? Com a perda do corpo físico, os que não viveram a experiência paterna/materna, não mais poderão ter filhos pela via sexual. Mas, da mesma forma que muitos casais, com problemas de fertilidade, adotam crianças órfãs ou abandonadas e as criam como se seus filhos fossem, os homens e mulheres nas esferas moronciais, podem adquirir a experiência que lhes falta trabalhando nessas “creches”, ministrando, aos pequenos que ali estão, os cuidados necessários até poderem viver por si mesmos a vida evolutiva. A providência divina é infinitamente sábia. Para cada situação, existe uma alternativa sumamente criativa. Após adquirir a experiência paterna/materna, poderão prosseguir no caminho da evolução.
Isso me fez lembrar de uma coisa que aprendi quando ainda era criança. Nasci católico, sou batizado, crismado, frequentei catecismo, fiz primeira comunhão e casei na Igreja. Meus filhos foram batizados, crismados e tudo mais. Lembro que ao nascer uma criança havia a preocupação de realizar o batizado o quanto antes. Dizia-se que se ela viesse a morrer sem batismo, não poderia entrar no céu e seria colocada para sempre num lugar chamado Limbo. Isso sempre me pareceu ser algo em desacordo com a apregoada misericórdia divina. Que culpa teria esse ser de não haver recebido o batismo? Significaria punir alguém pela omissão de outrem. Para dizer pouco, me parecia injusto por parte de um Deus, apresentado como o amor infinito, a misericórdia sem fim. A alternativa oferecida pelos documentos de revelação O Livro de Urantia é bem mais condizente com os atributos do Pai Universal.
Aquelas pessoas que dedicam a vida à religião, como celibatários ficariam privados do direito da evolução. Tanto padres quanto freiras, sem vida reprodutiva, estariam nesse grupo. Os monges de religiões orientais, os homossexuais, transsexuais e outros grupos que não levam a experiência paterna/materna, seriam alijados do direito da evolução. Mas podem suprir essa deficiência dispensando cuidados àquelas crianças privadas da vida em tenra idade, antes de tomar decisões morais e receber o ajustador do pensamento. O que eu conheci como Limbo, na verdade são as “creches” no Mundo das Mansões. Isso evidentemente é minha forma de ver. O Pai Universal quer receber em seu abraço todas as criaturas de voa vontade. Ninguém é privado do direito à felicidade no Paraíso, se demonstrar vontade de lá chegar. Apenas os que recusam a vida eterna, serão extintos. O que costuma ser chamado de inferno, parece ser algo mais drástico e definitivo. A simples extinção ou seja, deixar de existir, ser apagado dos registros do Universo, é mais definitiva, mas ainda assim demonstra a infinita misericórdia do Pai. Não restará nada que os lembre. Será como se jamais houvessem existido.
O mesmo castigo da extinção é aplicado também aos seres de outros níveis que se rebelam contra os desígnios do Pai, recusam obedecer às suas determinações e não demonstram arrependimento que lhes é oferecido como opção. É o caso de Lúcifer, Satã, Caligástia, Daligástia e mais uma multidão de seres que aderiram à rebelião de Lúcifer, após a conclusão do seu julgamento. Foi oferecido a todos a oportunidade de ser perdoados. A última oportunidade ocorreu por ocasião da morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Micael de Nébadon, cuja capital é Sálvington. Houve muitos que aceitaram o perdão, se arrependeram e foram libertados. Os líderes e muitos seguidores continuam confinados em um planeta, nas proximidades da capital Jerusém do sistema de Satânia. Uma vez extintos, nada restará para lembrar de sua existência que tanto mal causou no Universo local ao qual pertencemos.
Curitiba, revisado em 09/02/2019.
Décio Adams
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