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E agora Felipão!

E agora, seu Luiz Felipe Scolari!
Que o assim conhecido Felipão carrega em sua bagagem de treinador de futebol uma boa dose de realizações ninguém duvida. Como também leva alguns fracassos, sendo o maior mais recente, a acachapante derrota de nossa seleção diante da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo 2014. Uma derrota por um placar apertado, na prorrogação, disputa por penalidades máximas, não deixaria de ser derrota, porém a goleada de 7×1, foi de deixar qualquer um com a moral abaixo de barriga de cobra.

Conta entre seus triunfos o título da copa libertadores conquistado no comando do time do Grêmio Portoalegrense na década de noventa. O grande feito mesmo, foi o título de pentacampeão da Seleção nacional em 2006 no Japão. Depois levou o selecionado de Portugal às quartas de final da copa em 2006, coisa que somente outro brasileiro conseguiu em 1966. A estes se somam alguns outros feitos de menor expressão. No futebol inglês não teve sucesso, não sei por que motivos, mas ficou pouco por lá. O Palmeiras de São Paulo sofreu um rebaixamento para a segunda divisão do campeonato brasileiro sob seu comando. Penso que querer alguém que carregue em sua bagagem apenas triunfos, é algo difícil de encontrar, sem contar o risco de, ao primeiro fracasso, não encontrar forças para se reerguer. É voz corrente em meios econômicos e mesmo outros, que o fracasso ensina mais que o triunfo, desde que corretamente analisado, sem descarregar a culpa em bodes expiatórios, isentando a si mesmo de responsabilidades. Portanto, Luiz Felipe Scolari, tem tudo para superar o fracasso com o selecionado nacional e encontrar novamente o caminho das vitórias e conquistas. Espero que ele esteja fazendo, ou já tenha feito a devida análise e anotado as lições embutidas nas recentes derrotas.
O que esperar de Felipão no comando do Grêmio.

            Não escondo de ninguém minha torcida pelo tricolor gaúcho. Foi o time que cativou meu coração quando tomei conhecimento do mundo do futebol de competição por volta dos 12/13 anos, quando saí do interior indo estudar no Seminário, em regime de internato. Não lembro bem o que me fez decidir e sinceramente não me arrependi, apesar das fases de sofrimento por que costumamos passar periodicamente. Coisa essa aliás é bem mais natural do que habitualmente queremos fazer crer.

            Vejo duas situações claras na posição de Luiz Felipe no comando do Tricolor. A primeira é que, se ele não superou a frustração com a seleção e vem em busca da reabilitação a qualquer preço, corre o risco de descarregar esse sentimento nos jogadores do time. Isso certamente causaria sentimentos de rebeldia e reações adversas por parte dos atletas, levando a uma sequência de fracassos nas competições nacionais e sul-americanas. Fatos esses que acabariam por colocá-lo em situação difícil diante dos torcedores, atletas e diretores do clube. A torcida o tem em elevada conta, mas não podemos esquecer que torcedor quer ver resultados. Ela vai ao estádio, vibra, canta, faz hola e mais uma variedade de manifestações de apoio ao time. Mas tudo isso tem limite. O resultado seria uma saída prematura e a soma de mais um insucesso na carreira.

            A segunda opção, sem dúvida a que eu torço ser a realidade, um retorno ao clube onde teve sua primeira conquista de peso, o carinho da torcida, a aparente estima dos jogadores e o alto apreço dos diretores por sua pessoa, somados à inegável capacidade de superação e seu carisma pessoal, sejam capazes de criar no plantel existente um sentimento de superação, união em torno de objetivos maiores. Assim poderão encontrar o caminho para a retomada das conquistas gloriosas do passado. O torcedor, os jogadores e diretores sabem que não é só de vitórias que se vive. Sempre haverá dias de “maria cebola” e será preciso parar, analisar, refletir e detectar as falhas, corrigi-las e seguir em frente de cabeça erguida.

Não me iludo em esperar nesse ano um resultado estrondoso. Se conseguirmos conquistar posições honrosas nas competições que estão em andamento, acho que será um grande passo. A conquista eventual de um título seria o supremo deleite, mas penso que isso é sonhar alto demais.
Planejar a longo prazo.

            Parece-me que o Grêmio tem desenvolvido algumas atividades interessantes no que tange às equipes de base, de formação de novos talentos. Isso traz retornos compensadores, pois supre a falta de peças para reposição e complementação do plantel a um custo muito menor do que ir buscar nomes já destacados no mercado nacional ou, pior ainda, internacional. Sem contar que esses, muitas vezes vem e não correspondem às expectativas. Querem ser as “prima donas” sem o empenho necessário a alcançar grandes conquistas, por não terem no sangue o amor ao clube. Vem em busca de maior projeção internacional e também pelos salários geralmente generosos.

            Minha sugestão é que sejam feitos investimentos fortes nas categorias de base, com as cabeças dirigentes de cada categoria funcionando em harmonia, para prover ao time principal de bons valores e ainda gerar eventuais dividendos pela negociação daqueles que forem excedentes, dispostos a irem tentar melhores condições em outros clubes, sejam eles nacionais ou estrangeiros. É minha opinião, mas posso não estar certo, de que Luiz Felipe Scolari, pela sua integridade e conduta moral, é alguém em condições de encabeçar um trabalho desse naipe. Certamente já não lhe faltam recursos financeiros para levar uma vida confortável. Portanto é hora de construir uma reputação capaz de deixar definitivamente seu nome na história, num momento que, como a Copa recente deixou claro, exige profundas mudanças de postura, planejamento e atitudes, se quisermos que o futebol brasileiro volte a brilhar no cenário mundial.

            Desejo de coração ao Tricolor gaúcho e ao seu treinador Luiz Felipe Scolari, um longo período de trabalho árduo, dedicado e fecundo. Isso certamente trará frutos compensadores, não em um mês, nem em seis meses, mas daqui a um, dois, cinco ou mais anos. Precisamos sem dúvida planejar olhando lá na frente. Temos daqui a dois anos as olimpíadas no Rio de Janeiro, uma nova copa do mundo na Rússia em 2018, sem contar as competições nacionais e internacionais. A cada ano há títulos a disputar. Uma infinidade de jogos a realizar. Treinamentos, viagens e vitórias hoje, derrotas amanhã. Tudo isso faz parte do pacote esportivo e precisa ser sempre visto com os olhos atentos para colher, de cada evento, os ensinamentos que ele nos brinda. Cabe saber recolher, separar o joio do trigo e aproveitar o que de útil é possível separar de tudo isso.

            Ao Felipão, um abraço amigo, aos atletas do Grêmio, um voto de confiança e apoio, no sentido de se empenharem, para juntos alcançarmos muitas alegrias nos próximos meses e especialmente nos próximos anos. 

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